José Geraldes

A nova centralidade do Centro


A Convenção Empresarial do Centro com a realização do V Congresso dos Empresários, no passado fim-de-semana, pôs em destaque na paisagem mediática a realidade de uma região com grandes potencialidades de futuro. A criação de uma nova centralidade foi o objectivo proposto para equilibrar o desenvolvimento do País dominado pelas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
A este propósito, o presidente da República apontou até como exemplo nacional anti-lamúria, a economia do Centro.
Não se trata de uma utopia o objectivo da nova centralidade. Há uma série de elementos que possibilitam a sua concretização.
A Região Centro afirma-se como uma realidade indesmentível. Para além de abarcar os distritos de C. Branco, Aveiro, Guarda, Leiria, Coimbra e Viseu, o Centro tem 42 mil empresas que dão trabalho directo a 470 mil pessoas. A população ronda os 2,4 milhões de habitantes, ocupando um terço do território e produz 14 por cento da riqueza nacional (PIB).
É uma região que exporta mais do que importa. A somar às empresas, existem três universidades, cinco politécnicos, três Faculdades de Medicina e Centros Tecnológicos entre os quais o Parkurbis. E ainda uma rede de cidades médias que, de forma saudável, rivalizam entre si. Sem bairrismos doentios.
É verdade que a produtividade poderia ser maior e a contribuição para a riqueza nacional mais sustentada. Daí que a realização das metas da nova centralidade possa dar um empurrão importante.
Há barreiras a destruir. Que são comuns ao País. É o caso do envelhecimento da população que impede o dinamismo dos recursos humanos. Igualmente a qualificação da mão-de-obra.
A nível do Centro, as diferenças que são abissais entre um Litoral rico e um Interior pobre, constituem uma muralha sem cuja eliminação não se pode avançar. As vias de comunicação deficientes complicam ainda mais a utopia da nova centralidade. Onde estão as estradas condignas? Não é com um IP3 nos moldes actuais que se vai longe. Para quando a auto-estrada?
E não se compreende que da Covilhã se vá mais facilmente por uma boa rodovia a Salamanca do que a Coimbra. Veja-se a novela do futuro IC6 Covilhã-Coimbra. E dos túneis da Serra.
Sem a resolução destas questões, a nova centralidade que se pretende, demora a atingir os patamares desejados. Mas os seis pilares propostos ao V Congresso permanecem válidos e devem servir de guião para o futuro.
A aposta no capital humano é fundamental. O segundo pilar da economia sustentável exige mais conhecimentos e competências. Como também a valorização do património e do ambiente. E o encurtamento das distâncias para se usufruir dos equipamentos complementares. No quinto pilar o turismo e a terceira idade. A Serra da Estrela não pode aqui ser descurada. E como sexto pilar maximizar as exportações, factor de progresso económico.
Os pactos apresentados no V Congresso com metas a atingir em 10 anos não podem ser activados fora do contexto nacional. A solidariedade nacional é posta à prova. E a Convenção Empresarial do Centro tem de continuar a fazer de lóbi.
A Região Centro não pode ser condenada a ficar entalada entre Porto e Lisboa. Tem pleno direito ao desenvolvimento solidário que abranja, de forma equitativa, o Litoral e o Interior.