Encontro de poetas
Cânticos de uma poesia sem fronteiras

Durante dois dias, Salamanca recebeu um encontro de poetas e artistas da Região Centro e de Castela e Leão. “Cánticos de la Frontera / Cânticos da Fronteira” celebrou a poesia como ponte de união entre os dois países. Para o ano, uma cidade da Região Centro deverá acolher a segunda edição.

NC / Urbi et Orbi

Salamanca acolheu o encontro ibérico de poetas

O conhecimento recíproco da poesia portuguesa e espanhola, a troca de livros, moradas e contactos são para António Salvado, um dos coordenadores, algumas das conclusões a retirar de “Cánticos de la Frontera / Cânticos da Fronteira” encontro que reuniu, na quinta e sexta-feira, 24 e 25 de Novembro, na Casa das Conchas, em Salamanca, poetas da Região Centro de Portugal e de Castela e Leão, Espanha.
Américo Rodrigues (Guarda), Jorge Fragoso (Viseu), João Rasteiro (Coimbra), Carlos Lopes Pires (Leiria), António Salvado (Castelo Branco) e Luís Carlos Patraquim (Moçambique) juntaram-se a Jesús Hilario Tundidor, José Ledesma Criado, Andrés Quintanilla Buey, Antonio Colinas, Jesús Fonseca, Araceli Sagüillo, Luis Frayle Delgado, José María Muñoz Quirós e Alfredo Pérez Alencart numa troca mútua e de irmanamento poético. Um encontro em que as fronteiras, quer as da poesia, quer territoriais, quer ainda as culturais se diluíram, dando lugar a uma bela comunhão artística. E onde se prestou homenagem a dois grandes vultos da poesia portuguesa e espanhola: Eugénio de Andrade (1923-2005) e Francisco Pino (1910-2002), respectivamente.
O desejo de que este encontro seja o início de outros no desenvolvimento do conhecimento recíproco da poesia e literatura dos países vizinhos foi manifestado por Agustín de Vicente, delegado territorial da Cultura da Junta de Castela e Leão, na sessão de abertura de “Cânticos da Fronteira”. Intenção igualmente expressada pelo poeta leonês Antonio Colinas, que destacou o “carácter inter-cultural e sem fronteiras” do evento. “Quando os poetas e artistas dialogam, as fronteiras deixam de existir”, defende aquele que é também escritor e tradutor. Pelo mesmo diapasão afinou Alfredo Pérez Alencart, um dos coordenadores da iniciativa. Para este poeta peruano-salamantino, a reunião de vozes, o intercâmbio e o conhecimento mútuo são os aspectos mais importantes de eventos como “Cánticos de la Frontera”. “Um convívio amistoso entre poetas de dois países siameses, nascidos de um mesmo parto”, advoga Pérez Alencart.
Levado a cabo no âmbito do projecto “Fronima – Fronteras Imaginarias” e apoiado pelo programa Interreg III A, “Cânticos da Fronteira” dará origem a uma antologia bilingue – com o mesmo nome do encontro - a qual será lançada ainda antes do final do ano. Manuel da Silva Ramos (Covilhã), Fernando Pinto Ribeiro (Guarda) e Albano Martins (Fundão) serão outros dos nomes cujos poemas foram vertidos ao castelhano. E porque a iniciativa quis também ser um hino à lusofonia e espanofonia, os versos de Luís Carlos Patraquim (Moçambique) e Pío Serrano (Peru) serão lidos nas duas línguas. O projecto editorial contempla igualmente a fotografia e a pintura, reunindo nomes portugueses como o de José Manuel Castanheira, Manuel Cargaleiro, Emerenciano, Diamantino Gonçalves, Jorge Jacinto, e nomes espanhóis, tais como José Carralero, Eduardo Margareto, Jesús Formigo e Cristina García. Quanto à música, também ela esteve presente nestes dois dias, com as canções de Gabriel Calvo e Ángel Luis Delgado. A sessão de encerramento esteve a cargo do grupo Retablo que musicou alguns dos versos dos poetas. Para o ano, “Cánticos de la Frontera / Cânticos da Fronteira” terá a sua segunda edição. Um encontro que poderá ser realizado na Covilhã, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Leiria ou Coimbra.