José Geraldes

Natal da Felicidade


Conta-se que foi em Nova Yorque que o facto se deu. Já lá vão alguns anos. Era o tempo de Natal.
Um menino pobre olhava para as montras das lojas com guloseimas, brinquedos e roupas bonitas. Vestia calças rotas e camisa esburacada. O frio enregelava-lhe os ossos.
Uma senhora bem vestida viu o menino muito triste. E pensou que ao menos no Natal, não podia haver meninos tristes. Então pegou-lhe na mão e levou-o a uma loja. Comprou-lhe roupas de que gostava, deu-lhe de comer e arranjou-lhe um saco com brinquedos para levar para casa.
O menino estava tão contente que lhe parecia estar a viver um sonho.
E perguntou àquela dama que se interessou tanto por ele se ela era a Nossa Senhora. Ao que a dama respondeu negativamente.
A criança retoma a palavra para lhe dizer que na catequese aprendera que a Mãe de Jesus é muito bondosa. E ela tinha-lhe feito tanto bem assim de um momento para o outro.
Comovida a senhora confia-lhe que tinha sido Ela, a Mãe de Jesus, a inspirar-lhe o gesto que teve para com ele. E não hesitou também a perguntar-lhe se ele não era o Menino Jesus.
O menino esboçou um largo sorriso muito admirado e reiterou que não. A senhora faz-lhe ver que está convencida que sim. E confessa-lhe que tinha aprendido que o Menino Jesus se escondia na figura dos mais pobres e inocentes. E naquela rua de Nova Yorque nesse Natal tinha encontrado nele o Menino Jesus.
Nesta história tão encantadora temos o retrato do verdadeiro Natal. O Natal que é partilha e fraternidade. Bem que se espalha. Sinal da justiça e paz. Mão estendida ao inimigo. Perdão a quem nos atirou pedras e levantou calúnias. Abraço de amizade que leva à ajuda mútua. Presença constante de conforto. Sorriso que abre caminhos de esperança. Amor ao outro, seja ele quem for. Jesus Cristo o disse: “O que fizerdes a um dos mais pequeninos é a mim que o fazeis”.
Na medida em que ajudamos as pessoas a crescer, acontece Natal. Quando o ódio e o egoísmo tendem a desaparecer do coração dos homens, o Natal está a chegar. Se a concórdia se instala entre os desavindos, o Natal anuncia-se. Se se combate a pobreza, se visitam os doentes e os presos, se renova a sociedade e os homens dão as mãos para fazer um mundo melhor, o Natal cumpre-se.
O Menino que nasceu em Belém, transformou para sempre a história humana. Não só dos que se fizeram crentes mas também dos que o rejeitam. Ninguém pode ficar indiferente ao Natal de Cristo.
A partir do Natal, o homem nunca foi “uma paixão inútil” nem a morte “um absurdo”.
O Deus que assumiu ser homem, deu-lhe uma participação divina.
O Natal é a resposta a todas as angústias. O sentido da vida de cada ser humano. A exigência para que ninguém passe fome e todos os homens e mulheres realizem os seus sonhos de felicidade.