Uma tese que fala sobre a motivação na leitura
Mestrado em Língua, Cultura Portuguesa e Didáctica
Motivar a aprender a ler

A atenção, a compreensão e a memória são os pontos centrais que têm de ser trabalhados pelo professor nos seus alunos, de modo a formar bons leitores e seres activos no mundo.


Por Carina Ramos


Aprender a Ler. Lendo, Ouvindo, Compreendendo e Memorizando – As competências de leitura em alunos do 9ºano: um estudo de Caso , foi o título escolhido para a tese apresentada pela agora mestra Ana Teresa da Silva Neto na Biblioteca da UBI. Esta professora do terceiro ciclo refere que há que motivar e ajudar os alunos a aprender a ler e estimular a sua compreensão dos textos.
A dissertação de mestrado que foi apresentada no dia 15 de Janeiro, tem como objectivo demonstrar que “nos processos de leitura é muito importante a atenção e a memória”, através da exemplificação de um “estudo de caso com alunos do 9º ano”, adianta a autora do estudo. A tese é constituída por quatro capítulos, os três primeiros dizem respeito à parte teórica e o último à parte prática. Para a realização desta última parte, do estudo de caso, foram escolhidos alguns alunos e divididos em três grupos, o grupo azul, o vermelho e o verde. Ao verde foi dado um texto em suporte de papel, sendo o grupo que teve maior sucesso no que diz respeito ao que lhe foi perguntado. Ao grupo vermelho o texto foi lido três vezes e houve uma percentagem de sucesso que rondou os cem por cento. O grupo azul, ao qual o texto só foi lido uma vez, teve uma taxa de sucesso muito inferior aos restantes. Ana Teresa Neto chega então à conclusão que há que desenvolver a “compreensão leitora, ensinando mecanismos de desconstrução do texto, nomeadamente do seu significado”. Sendo assim, a obra inscreve-se numa didáctica da leitura.
Professora de Língua Portuguesa há 16 anos, mas há 11 a leccionar na Escola Básica 2/3 Visconde Germanha, na Tapada das Mercês, em Sintra, fala do facto de “sentir na pele e no terreno as dificuldades que os alunos têm na compreensão dos textos, não no debitar o texto oralmente, mas na questão de extrair significado” o que a levou a fazer “uma pesquisa durante vários anos, a ler muito sobre o assunto e a tentar encontrar uma solução, que certamente não é inovadora, porque já muito está escrito na área”. Considera também que, apesar de os seus alunos não lerem em casa, “porque mesmo que tenham interesse, não têm dinheiro”, falando da situação específica da escola onde trabalha, “o contacto com o livro, seja ele em suporte de papel ou via virtual, só é feito na escola”. Este contacto é promovido por iniciativas que têm lugar na instituição onde trabalha, “e que têm a ver com o apanágio do livro, com o amor pela leitura e com o crescimento que se tem e que se faz após a construção leitora”. Devido a estas iniciativas, “é notório que há cada vez mais a paixão pelo livro e pelo saber em geral”.
O estudo pretende ainda mostrar que, como “a língua materna é o ponto onde se cruzam as aprendizagens de várias matérias”, o aluno sendo um “bom leitor terá mais sucesso nas outras disciplinas e também na disciplina de português”. Por outro lado, o “acto de ler abre a porta para a vida prática”, como defende a mestra e torna “o ser humano um cidadão consciente, reflexivo, activo e interveniente no mundo”.
Para a realização da dissertação, teve a orientação de Paulo Osório e o acompanhamento por parte de outros professores da UBI, tal como a ajuda da instituição onde trabalha e dos seus alunos que se predispuseram sempre a responder aos questionários e inquéritos. Ana Teresa da Silva Neto, afirma ainda que “o estudo pessoal feito não se cingiu ao mestrado”, porque já há muitos anos que fazia pesquisas, mas foi isso que motivou a deslocação à UBI para a sua realização.
Emília dos Santos Ribeiro Pedro, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Maria Antonieta Gomes Baptista Garcia, professora auxiliar da Universidade da Beira Interior, Paulo José Tente da Rocha Santos Osório, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior, João Malaca Casteleiro, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, este como arguente, foi o júri que aprovou a tese com a classificação de Bom com distinção.