O investigador veio à UBI a convite do Departamento de Comunicação e Artes
Comunidades virtuais
Investigador explica o fenómeno

Um convite do Departamento de Letras da UBI trouxe até à Covilhã Emílio Saéz Soro. Um investigador sobre as comunidades virtuais que veio dar algumas explicações sobre o fenómeno.


Por Eduardo Alves


Uma das principais conclusões que está já a ser adiantada pelos especialistas sobre comunidades virtuais aponta para o facto de “existir uma grande confusão sobre estes grupos”. A Internet, como novo meio de comunicação abriu formas de interligação das pessoas que até há alguns anos eram impossíveis. Hoje, com o aparecimento de novas ferramentas informáticas, de um acesso mais facilitado à “Net” e com uma forte aposta por parte do sistema educativo, “surgem novos fenómenos”, adianta Emílio Saéz Soro, docente e investigador espanhol. Saéz Soro veio até à UBI, a convite do Departamento de Comunicação e Artes, para passar algumas ideias aos alunos de mestrado em Ciências da Comunicação e também a alguns investigadores desta área, na UBI.
O tema das comunidades virtuais serviu de base a uma apresentação de cerca de hora e meia. Durante as suas explicações, este investigador adiantou que as comunidades virtuais, tal como a maior parte dos programas “estão feitas, pensadas e arquitectadas por informáticos”. Isto para referir que “não basta ter uma página, uma mailing list, ou uma ferramenta informática com todas as capacidades e facilidades, para ter uma comunidade virtual”.
Segundos o estudioso, “as comunidades virtuais assemelham-se, em certa medida, às nossas próprias comunidades”. São compostas por pessoas que “vão ganhando poder e aceitação através da sua participação nos objectivos e nas acções de toda a comunidade”. Este docente aponta o exemplo dos muitos projectos estatais que pretendem criar comunidades virtuais sobre uma região, um tema, um qualquer motivo e onde “é criada uma página, um blogue, uma ferramenta que possibilite a intercomunicação, mas depois não há ninguém”. Logo, Emílio Saéz Soro, não classifica esse sítio como uma comunidade.
Para além destas ideias, o investigador referiu também a necessidade de estruturas como o poder hierárquico de alguns elementos “que vão conquistando destaque através das suas participações, ou outras acções”, o tempo e os objectivos das comunidades. Isto porque “se eu entrar num site ou num blogue, em que a última intervenção foi há cerca de um ano, tenho de concluir que aquela comunidade está extinta”.
Saéz Soro acabou por explicar o fenómeno crescente da blogosfera e a contribuição desta ferramenta informática para o começo de um novo ciclo da Internet. Segundo o investigador e docente “os blogues são o ponto máximo das comunidades virtuais”, com os intervenientes a criarem o seu espaço próprio, as suas identidades e objectivos. A interligação e as ideias e pressões que surgem da blogosfera para a opinião pública, são provas, segundo Saéz Soro, do poder das comunidades virtuais feitas pelos cidadãos.