Estação de Terlamonte
Arqueólogo defende
exploração turística do local


Os achados, postos a descoberto em 2000 e 2003, ficaram abandonados. O arqueólogo responsável pelas escavações defende o aproveitamento do local para fins turísticos.


NC / Urbi et Orbi

O local pode vir a receber turistas

A área arqueológica de Terlamonte, “escavada na totalidade, poderá justificar a sua protecção e valorização de forma a torná-lo visitável e compreensível a diversos públicos”. É esta a opinião de Pedro Carvalho, responsável pelas escavações, que acredita no aproveitamento turístico do local.
Trata-se de uma exploração agro-pecuária de média dimensão, do século I. Presume-se que a quinta tenha sido habitada durante 150 anos. Foi encontrada a casa onde moravam os donos, com 40 metros de cumprimento, e vários objectos. É o caso de pesos de tear, que provam a prática de tecelagem e, indirectamente, do pastoreio, restos de fundição e de uma forja, que indiciam o fabrico próprio de instrumentos em ferro e bronze.
Pedro Carvalho, arqueólogo da Universidade de Coimbra que coordenou as escavações entre 2000 e 2003, frisa que isso não depende de si. Mas acrescenta que o assentamento romano, “com um arranjo, uma sinalética adequada e por exemplo o recurso a reconstituições virtuais, poderia ser um dos pontos de paragem de um percurso mais vasto que aliasse o potencial paisagístico e patrimonial da região”. E menciona um aumento da procura do chamado turismo cultural.
O responsável pelo projecto diz que a autarquia “está a acompanhar o processo e tem manifestado todo o interesse”, que Pedro Carvalho aplaude. E sublinha que a “causa do património histórico-cultural” só pode ser ganha se contar com a colaboração das populações locais e órgãos municipais.
A estação arqueológica foi escavada num total de sete meses. Desde então não tem sido dada importância ao local nem sequer está sinalizado. No entanto, um despacho do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) de 1997 recomendava a classificação do achado.

Encontrados 320 assentamentos romanos na região

A intenção de Pedro Carvalho é retomar os trabalhos. Para isso o responsável pelo grupo pretende apresentar este ano ao Instituto Português de Arqueologia e ao IPPAR uma nova proposta de intervenção durante mais quatro anos. “As quantias em causa são relativamente baixas”, salienta o arqueólogo. Isto porque, acrescenta, as escavações foram feitas por equipas de estudantes de Arqueologia da Universidade de Coimbra, com a sua coordenação, e as despesas prendem-se sobretudo com o alojamento, alimentação e transporte.
“Até ao momento conhecia-se muito pouco sobre estes núcleos rurais romanos”, acentua Pedro Carvalho. E enaltece a importância do local. “Se escavarmos este sítio na totalidade, como tencionamos fazer, aí será a primeira quinta romana integralmente escavada e conhecida na Beira Interior”. Para além de a estação arqueológica poder ser citada por estudiosos da matéria.
Mas na região há muitos outros achados da época e é possível concluir que há dois mil anos a Beira Interior “tinha uma densidade de ocupação assinalável”, já que estão localizadas cerca de 320 assentamentos romanos. A maioria pequenas quintas e casais agrícolas. O templo romano de Orjais, também alvo da atenção do arqueólogo, é mais um dos locais com relevo.
Em Terlamonte foram feitas não só escavações como igualmente trabalhos de prospecção arqueológica, geofísica e a análises geoarqueológicas, com a recolha de carvões e pólens, para tentar caracterizar a cobertura vegetal da região há dois milénios.