João Canavilhas

Uma revolução silenciosa


Disse-o em Junho de 2005, nas jornadas “Dez anos de jornalismo digital em Portugal”. Repeti-o em Janeiro último, na sessão comemorativa do 8º aniversário do primeiro jornal exclusivamente online em Portugal, o Setúbal na Rede. Na edição que marca os seis anos do Urbi , insisto mais uma vez: em Portugal, o jornalismo que se faz na web ainda está longe de explorar as potencialidades oferecidas pelo meio. Basta visitar as várias publicações online existentes em Portugal para se perceber que não passam de clones online das versões tradicionais de cada um dos meios: os jornais online oferecem texto e fotos, as rádios online oferecem texto e som, as televisões online oferecem texto e vídeo. Apesar de tudo, em Portugal também já se fazem experiências de convergência , mas é muito pouco para o potencial que a web oferece.
O Urbi , embora online, nasceu como laboratório de jornalismo escrito e por isso apresenta as marcas dessa origem no conteúdo (texto, fotografias) e na periodicidade (semanal). Porém, nos últimos meses têm vindo a registar-se alterações: o som começa a ser integrado nas notícias e a RUBI online avança alguns destaques da edição semanal do Urbi: a convergência avança, a notícia na hora ganha terreno.
Nada disto acontece por acaso e a explicação é muito simples: o actual chefe de redacção, Eduardo Alves, pertence ao grupo de licenciados em Ciências da Comunicação que teve pela primeira vez a disciplina de Jornalismo Online. Confrontados com uma nova realidade, é natural que estes recém-licenciados percebam as enormes potencialidades da Internet e as queiram implementar nos seus jornais. E ainda bem, pois um jornal laboratório também é isso: um espaço de experimentação, de ensaio de novos conceitos. O jornalismo na web está em constante mutação: a locutora Rosa, os novos suplementos, os novos formatos, os vários exemplos de jornalismo participativo, como o OhMyNews, o Digg, já com versão portuguesa, ou a possibilidade de ver as capas de mais de ver 400 primeiras páginas de jornais do mundo, são apenas alguns exemplos daquilo que se faz actualmente no jornalismo. Aos novos formatos juntam-se novas ferramentas que permitem tornar o virtual quase real – 3D– ou vídeo imersivo
e ainda uma multiplicidade crescente de formas de acesso à informação – telemóveis, pda's e papel electrónico – que nos permitem ter a felicidade de assistir a um revolução silenciosa só comparável ao aparecimento da imprensa de Gutemberg.
Neste mundo ao alcance de um clic, o Urbi é apenas um ponto, o nosso pequeno contributo para que os ubianos espalhados pelo mundo continuem ligados à região. Mas é também um jornal que tem a obrigação de continuar a inovar no panorama informativo online nacional, pelo que em breve surgirão novidades.