Fiper
Recurso pode atrasar processo de viabilização

A retoma da laboração pode estar comprometida. É que a Caixa Geral de Depósitos interpôs um recurso, no Tribunal, contra a solução escolhida pelos trabalhadores, que passava pela viabilização da empresa do Teixoso. Agora, resta saber se o juiz aceita ou não este recurso.


NC / Urbi et Orbi

O processo da Fiper conheceu agora um novo atraso

A retoma da laboração na Fiper, empresa de fiação do Teixoso, pode estar comprometida. Isto porque a Caixa Geral de Depósitos, uma das entidades credoras da empresa que em Agosto entrou em processo de insolvência, entregou no Tribunal da Covilhã um recurso contra a solução escolhida pelos trabalhadores, que passa pela viabilização da Fiper.
Os empresários António Lopes e José Robalo, administrador da empresa de fiação até ao seu encerramento, apresentaram uma proposta de recuperação da unidade fabril. A proposta previa o pagamento da totalidade das indemnizações aos trabalhadores, no valor de um milhão e 200 mil euros, e a liquidação de 15 por cento dos créditos em dívida às entidades bancárias.
Um plano aprovado com os votos a favor dos ex-trabalhadores da Fiper e dos bancos Espírito Santo, Santander e Comercial Português. O administrador judicial, a Caixa Geral de Depósitos, o Banco Nacional de Crédito, o Banco Português de Investimentos e a Fisip, fornecedora da fiação, opuseram-se.
Em declarações à Lusa José Robalo diz que o advogado que representa os seus interesses e de António Lopes os informou, na última quarta-feira, do recurso da Caixa Geral de Depósitos. “A quem até já pagámos os créditos em dívida”, sublinha.
“Achamos inaceitável que um credor venha accionar um recurso depois de lhe termos pago, tanto mais tratando-se do banco estatal e sabendo que isto vai atrasar a reabertura de uma fábrica”, frisou o empresário. “Cabe agora ao juiz do processo aceitar ou não o recurso”, adianta.
O acordo previa a reabertura da unidade fabril até 60 dias após o trânsito em julgado. Mas José Robalo teme que “as demoras possam deitar por terra a reactivação da fábrica”.
Luís Garra, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa, diz que o conhecimento que tem do que se está a passar foi o que leu na comunicação social, e que lhe foi confirmado por António Lopes. “A leitura que faço da atitude da Caixa é que há quem não queira que haja postos de trabalho na Covilhã”, lamenta o sindicalista.
O dirigente sindical acrescenta que apenas lhe foi confirmada a existência do recurso, mas frisa desconhecer os seus fundamentos. “Considero que tudo isto é muito mau, quando o que está em causa é uma fábrica que vai reiniciar o funcionamento”, salienta.
Os quase cem trabalhadores da Fiper foram para férias em Agosto e quando regressaram deram com a porta da fábrica fechada. A administração declarou insolvência e justificou-se com a falta de encomendas.
O novo projecto previa a retoma da laboração com cerca de 30 trabalhadores e a possível instalação de uma área de tecelagem. Para já, e enquanto o assunto não é resolvido em tribunal e a empresa entregue a António Lopes e José Robalo, a unidade não volta a funcionar.