Plano estratégico de turismo
Estrela do século XXI

A UBI terminou o primeiro grande estudo sobre as potencialidades da Serra da Estrela. As conclusões apontam para caminhos que pretendem colocar o maciço central na principal rota do turismo. Outra das metas deste projecto é a candidatura do Vale Glaciar de Manteigas a Património da UNESCO. Um documento que vai agora ser entregue a dez autarquias.


Por Eduardo Alves

Uma das conclusões do estudo aponta para a candidatura do Vale Glaciar a património da UNESCO

Sempre se conheceram turistas no mais alto ponto geográfico de Portugal continental. Ao longo de várias décadas, a neve, as paisagens serranas, os produtos tradicionais foram servindo de atracções para verdadeiras multidões que encontram na Estrela um dos destinos turísticos mais conhecidos do País.
Os fundos comunitários, os programas de desenvolvimento e outras intervenções de fundo foram surgindo na Estrela, “de forma individual e avulsa”, segundo os representantes de alguns dos concelhos que fazem parte da Acção Integrada de Base Territorial (AIBT) da Serra da Estrela. Ao todo, uma dezena de municípios dá corpo ao organismo que há cerca de três anos pensou em candidatar o Vale Glaciar de Manteigas a património mundial, um título atribuído pela UNESCO. Para que tal plano fosse em frente, uma das principais condições impostas apontava para a existência de um plano estratégico de turismo que descrevesse toda a área abrangida pela montanha e os locais raianos de apoio ao turismo. Um trabalho que o Departamento de Gestão e Economia da UBI acabou agora de realizar.
Uma equipa de cinco docentes e uma bolseira de mestrado, liderada por Pedro Guedes de Carvalho, estudou a serra em diferentes pormenores e apresenta agora as suas principais conclusões. O trabalho que decorreu durante cerca de dois anos tenta “encontrar um conceito de turismo mais adequados à Estrela”. As palavras de Guedes de Carvalho começam por explicar que um dos problemas com que este estudo se deparou foi “o facto de não existir uma definição consensual e real do que seria a verdadeira região de turismo”. Se alguns concelhos se mantinham “no seio da montanha” e reclamavam para si uma área turística da Estrela, de menores dimensões, “outros havia que, embora não sendo concelhos montanhosos também se consideravam serranos”. O docente da UBI avança assim uma das principais novidades do PETUR, “o facto deste estudo demarcar, uma região de turismo, com os concelhos montanhosos a servir de núcleo turístico e os restantes a prestar algum apoio”.
Para além desta novidade, o plano “que ao longo do seu decurso serviu também para dar uma grande projecção mediática à região” vem trazer uma nova abertura para o futuro. O docente do DGE esclarece que “o turismo hoje é determinado pela procura”. Aquilo que a equipa do PETUR encontrou no terreno, “aponta para que os agentes da região não encarem o turismo nesse sentido”. A serra funciona “por si só como um atractivo, o que não está correcto”, acrescenta o mesmo. O relatório que a UBI apresenta “vai no sentido de inverter a lógica daquilo que vindo a ser feito”. Guedes de Carvalho esclarece que o estudo, que contou com o apoio de uma dezena de alunos do quinto ano da licenciatura em Economia, “está baseado num levantamento exaustivo de todas as estruturas de apoio ao turismo”. Os alunos fizeram a catalogação de todos os restaurantes, hotéis e outras estruturas que pretendem prestar serviços. O trabalho “que apresenta novos dados, mais fidedignos e actuais do que os do Instituto Nacional de Estatística, representa uma mais-valia para a região”.




Novos turistas

A par de todas as novidades que estão contidas neste estudo, Guedes de carvalho destaca “um novo fôlego que foi dado a toda a região”. Como um dos pontos positivos, o docente do DGE refere o facto de várias entidades ligadas ao turismo “terem entrado no debate”. Durante o tempo em que o estudo foi sendo preparado decorreram encontros onde agentes turísticos, hoteleiros, autarcas e outros “mostraram as suas opiniões e projectos”.
Todo este levantamento “exaustivo” levou os docentes a realizarem dois grandes inquéritos “nas épocas de Inverno e Verão”. Os dados recolhidos permitiram traçar o perfil do turista tipo da Estrela. Com toda esta informação “definimos oito produtos estratégicos que se complementam entre si”. Com estas novas ofertas, direccionadas para “turistas entre os 35 e 50 anos, de classe média alta”, os responsáveis esperam um maior rendimento das campanhas publicitárias e outras.
O futuro da Estrela passa pois pelo turismo de natureza, pelo turismo activo e pelo turismo cultural este que pretende o envolvimento das escolas do ensino básico e secundário. Há também o turismo gastronómico e de vinhos, o de saúde e bem-estar, o de negócios e científico e também o turismo residencial, embora este último seja considerado como opção futura.
Outra das grandes apostas do PETUR vai no sentido de fomentar a Covilhã e Guarda como cidades chave no turismo regional. Uma das indicações finais deste plano sublinha a recuperação dos centros históricos de ambas as localidades. A partir destas duas cidades, “pode gerir-se todo o turismo para a restante região”.
Para além das conclusões que são devidas este estudo integra uma nova parte que são os diagnósticos e recomendações futuras integradas já nas novas directrizes governamentais para este sector.