José Geraldes

Serra da Estrela: tempo de agir


A Serra da Estrela volta a ser falada, com insistência, nas suas potencialidades turísticas. Quase não há semana nos últimos tempos em que a Serra não seja objecto de exposição mediática. Umas vezes por motivos positivos, outras por aspectos negativos. O “gigante adormecido” começa a despertar.
Só se ganha em falar da Serra. Na sua abordagem, surge o Interior tão isolado e tão desprezado. Assim se chama mais uma vez a atenção de quem de direito para as riquezas que possuímos e que estão mal aproveitadas. Há iniciativas que, a propósito da Serra, não podem deixar de ser referenciadas.
A primeira pela sua importância diz respeito ao PETUR (Plano Estratégico de Turismo da Serra da Estrela) coordenado por Pedro Guedes de Carvalho com a colaboração de uma equipa da UBI.
Por encomenda de dez municípios e financiado pela AIBT (Acção Integrada de Base Territorial da Serra da Estrela), este estudo, muito exaustivo, concluíu pela proposta da criação de uma Junta Regional de Turismo para, vencendo inércias instaladas, dar um novo impulso à Serra da Estrela.
O PETUR é um instrumento de trabalho importante que não pode ser lido nem interpretado por análises de cariz partidário. Importa valorizar o seu conteúdo até pelo seu valor de diagnóstico. Se se entra em “guerrinhas” por isto e por aquilo, quem fica a perder é promoção do turismo serrano.
Outro facto a ter em conta prende-se com a inclusão no Plano Estratégico Nacional de Turismo, da Serra da Estrela. Considerada pólo de atracção turística estratégica para os próximos dez anos, a Serra-Mãe é contemplada com incentivos de grande monta. Tratam-se de investimentos na ordem dos 668 milhões de euros.
Pode esta verba não corresponder ao que se pretende levar a cabo, mas já é um bom começo. Importa aplicar e gerir com equilíbrio e bom senso as prioridades e os objectivos a alcançar.
O prazo para a execução dos projectos não causa angústias mas não há tempo a perder. Como no futebol, não perder a antecipação das jogadas aparece como esquema prático a seguir. E sobretudo nada de ficar parado. Avançar contra ventos e marés. E sempre com determinação.
Lamenta-se que o novo ordenamento do Parque Natural da Serra da Estrela ponha em cheque projectos importantes e úteis para as populações. Não se põe em causa a preservação e a protecção da natureza. Mas admite-se que também aqui seja o bom senso a ditar as regras. Sem fundamentalismos de quem quer que seja.
Não há bela sem senão – diz o povo e com razão. O caso do ex-Sanatório dos Ferroviários brada aos céus. Desde o projecto encomendado a Souto Moura passando pela desvinculação da rede das Pousadas até voltar de novo à Turistrela, estamos em face de uma história triste em que os compromissos não foram assumidos. E ali temos um edifício-fantasma que nos envergonha e desfeia toda a Serra. Até quando?
Anuncia-se agora um novo projecto Programa Integrado de Natureza Estruturante e Base Regional (PITER) com parcerias públicas e privadas e em que figura a solução para o ex-Sanatório. Será? A ver vamos. Já se perdeu tanto tempo! Venha a acção para dar à Serra da Estrela o destino que merece e a que tem direito.