Para os responsáveis das minas há que construir uma nova ETAR
Poluição na Panasqueira
Administração da Beralt nega acusações

A Beralt Tin desmente que as descargas da Ribeira do Bodelhão estejam a poluir o Zêzere e apresenta estudos da qualidade da água do rio a comprová-lo. Ainda assim, reconhece que a ETAR da Salgueira (a principal) já não dá resposta adequada e prepara-se para a ampliar até ao final do ano.


NC / Urbi et Orbi


A Administração da Beralt Tin nega, de forma peremptória, que o Rio Zêzere esteja a ser poluído por resíduos provenientes das Minas da Panasqueira. António Correa de Sá, administrador da empresa, rebate as afirmações do presidente da Junta da Aldeia de S. Francisco de Assis que, na última Assembleia Municipal, acusou a empresa de não estar a cuidar dos resíduos da exploração que, eventualmente acabariam no rio “sem o tratamento adequado”. José Campos pediu, então, a intervenção da Câmara Municipal junto da empresa para, disse, “acautelar a questão ambiental no Couto Mineiro”.
António Correa de Sá, em declarações ao Notícias da Covilhã, classifica de irresponsáveis as afirmações do presidente da Junta. A questão da poluição do Zêzere, advoga, “é um assunto grave, e o tratamento da água não assenta em pressupostos subjectivos”. O administrador da Beralt Tin recorda que a empresa têm duas ETAR's em funcionamento – uma na Salgueira (para tratar as águas provenientes das Minas) e outra no Cabeço do Pião (para as escombreiras) – que estão a dar resposta às necessidades actuais. Todos os meses, adianta, são gastas cerca de 30 toneladas de cal – usada para normalizar a acidez da água – “e o tratamento está a ser eficaz”.

ETAR da Salgueira ampliada até Janeiro

Correa de Sá assegura, ainda, que, desde o início dos anos 90, são feitas análises diárias à qualidade da água – que são compiladas e enviadas todos os meses à Direcção Regional do Ambiente do Centro – à entrada e à saída das ETAR's bem como em vários pontos do Rio. Os números, afirma, “não mentem e os valores, quer de acidez (Ph), quer da presença de metais, são semelhantes a montante e a jusante da foz da Ribeira do Bodelhão, que desce da Barroca até ao Zêzere”. Os valores, sublinha, “estão muito abaixo dos máximos permitidos por lei, pelo que, é falso que a Beralt Tin esteja a poluir as águas do rio”. Ao contrário do que se advoga, acrescenta, “a empresa está sensibilizada para as questões ambientais e sociais”. Até porque, reitera, “na ETAR da Salgueira, por exemplo, não tratamos apenas as águas da mina, mas também os efluentes domésticos dos residentes da Barroca Grande”.
Correa de Sá insiste que “a empresa não descura as suas responsabilidades para com a comunidade” e recorda que “mesmo quando a mina fechou temporariamente em 1994, as Estações de Tratamento continuaram a funcionar”.
Ainda assim, reconhece o administrador, “a mina tem vindo a expandir-se e a ETAR da Salgueira começa a ser insuficiente, sobretudo no Inverno, quando o caudal das águas que passam nas galerias aumenta”. De qualquer modo, informa, “tal como no passado, já tomámos providências para adequar a Estação de Tratamento às necessidades da exploração”. A empresa tem planos para expandir a ETAR para mais do triplo da capacidade – de 300 metros cúbicos para mil – num investimento que ronda os 380 mil euros e que, à partida, será contemplado nas verbas a atribuir no âmbito do IV Quadro Comunitário de Apoio (IV QCA). O anteprojecto já está pronto e projecto estará concluído e sujeito a apreciação até ao final do mês. Aliás, para continuar em laboração, a empresa precisa de uma licença ambiental a partir de Outubro de 2007. O processo tem que ter início em Janeiro do próximo ano, pelo que, por essa altura, já os trabalhos de ampliação da ETAR têm que estar concluídos. Objectivo que Correa de Sá acredita ser cumprido.