Atribuição de material
Bombeiros sentem-se discriminados

Faltam viaturas para combate a incêndios na Covilhã. Porém, a corporação não entende porque é que nenhum carro é atribuído à Cidade Neve. José Flávio e Emídio Martins falam mesmo em discriminação.


NC / Urbi et Orbi

Para os responsáveis pela corporação da Covilhã, existe alguma discriminação na partilha de material

A época de fogos florestais já está perto, mas na Covilhã, os bombeiros locais dizem estar longe de ter material necessário e desejável para os combater. É esta, pelo menos, a opinião do comandante dos voluntários covilhanenses, José Flávio, que se queixa de discriminação no que toca à atribuição de apoios, viaturas e material, em relação a outras corporações do distrito.
“Esta corporação, no ano passado, nesta altura, tinha quatro viaturas destinadas a fogos florestais. No ano passado tivemos que retirar uma para a secção do Paul, só que ela ardeu”, explica José Flávio, responsável pelos bombeiros covilhanenses. Segundo o mesmo, a reparação da dita viatura rondava os 20 mil euros e “até hoje não houve qualquer atribuição de apoio à instituição”. Esta é uma corporação com 131 anos, “e o Governo tem que assumir que ela não pode ser a filha pródiga de todo o distrito”, acrescenta ainda o comandante. José Flávio chega mesmo a dizer que “a todas as outras é-lhes facilitada a vida, atribuídas viaturas e outros materiais. E à da Covilhã não é”.
Uma preocupação que já tinha sido transmitida em Fevereiro passado pelo presidente da direcção, Emídio Martins, que fazendo uma antevisão do que poderá ser a próxima época de fogos florestais, salientava que “o mais complicado são as viaturas”. Este responsável afirmava que lhe tinham dito que em 2006 “teríamos uma nova viatura florestal. Mas tivemos o azar de no incêndio da Pampilhosa nos arder um carro. Por isso devíamos receber duas. Para além disso há outra que está com o chassis partido. Chegámos a estar na Covilhã apenas com uma viatura para fogos florestais. Era urgente, no mínimo, uma viatura florestal” frisava. Emídio Martins lembrava que costuma ser em Maio que o Serviço Nacional de Bombeiros (SNB) entrega viaturas de combate a incêndios, mas mantinha-se “na expectativa”, pois em vez da viatura que ardeu “querem-nos dar 25 ou 27 mil euros. Mas ela custa cento e tal mil euros. E não temos hipótese de pôr essa diferença. Se houver fogos florestais vai ser complicado, só com uma viatura” avisava o presidente da direcção.
Emídio Martins não escondia, tal como José Flávio, um sentimento de indignação pela maneira como a corporação tem sido tratada. “A Covilhã tem sido discriminada ao longo dos últimos vinte anos por parte do SNB. Durante este tempo apenas recebemos duas viaturas novas. Nós vemos que as outras corporações do distrito recebem e nós não. O motivo terá de ser perguntado ao SNB” criticava, adiantando já ter enviado uma carta ao Governo a reclamar esta situação. Recorde-se que quem quiser ajudar a corporação covilhanense o pode fazer numa campanha de angariação de fundos que está a decorrer no Serra Shopping.