José Geraldes

Maternidade da Covilhã: o melhor serviço


A questão da maternidade da Covilhã não se deve abandonar. Nem o pode ser. E o que parece pairar a meia voz, deve alertar os covilhanenses para não terem a surpresa de ficarem com um facto consumado.
O argumento de que à Covilhã estaria reservado um serviço de excelência na mesma área de saúde, não elimina as razões para a Covilhã manter a maternidade no Hospital. Há mil e uma razões para se manter esta maternidade. O tal serviço de excelência surgirá como um complemento ao funcionamento da referida maternidade. Ambos são compatíveis.
Não são os estudos técnicos que ditam os desejos das pessoas. Nem a sua felicidade. Nem a sua identidade.
Já aqui o escrevemos e voltamos a lembrar para que não se finja esquecimento. A memória dos homens é curta. Importa, pois, avivá-la para que o esquecimento não leve a decisões erradas. Por decisão política ou por mera estatística de partos.
O acto de nascer está ligado à nossa identidade pessoal. Faz parte da nossa história humana. Trata-se de uma relação afectiva que nos acompanha toda a vida. E depois há o direito dos pais de os filhos nascerem onde eles o desejarem. Ir contra este direito viola os direitos humanos elementares.
Com este assunto, os governantes deviam ter a maior cautela. Afinal, estão a fazer guerras perfeitamente escusadas. Com que objectivos?
Poupe-se em coisas muitas vezes secundárias e respeite-se a saúde. É certo que se impõe uma racionalidade nos gastos. Mas responsabilize-se quem administra mal os dinheiros públicos.
Os estudos técnicos dizem que a maternidade do Hospital Pêro da Covilhã reúne as melhores condições. Os serviços estão bem apetrechados. É necessário dizer isto alto e bom som para que as autoridades competentes não nos venham a enganar. E, na expressão popular, “homem prevenido vale por dois”.
O ministro da tutela sacudiu a água do capote. E colocou a solução do fecho de uma das maternidades na região no Conselho de Administração de um futuro Centro Hospitalar da Beira Interior. Ora publicamente ninguém sabe o que é este futuro Centro Hospitalar nem quem são os membros do seu também futuro Conselho de Administração.
O ministro andaria melhor avisado se conservasse as maternidades dos hospitais da Guarda, Covilhã e Castelo Branco. Fechar uma por razões técnicas que, afinal, se resumem a questões economicistas, não se afigura a solução que vai de encontro às aspirações das populações.
Tome-se então a decisão no sentido de proporcionar às gentes da Beira Interior o que elas desejam. E que não se lhes exija mais um sacrifício: o de ficar sem a maternidade.
Não nos calaremos na defesa da maternidade da Covilhã.