Colóquio de Filosofia
Entre a decisão e a crença

O simples acto de comprar um bilhete de autocarro pressupõe uma escolha, uma decisão entre tantas outras. Como se processa essa decisão e o que tem isso a ver com a crença foram as questões abordadas pelos vários ramos do saber.


Por Liliana Ferreira


Dois dias dedicados ao estudo da Filosofia

Fazendo tão corriqueiramente parte da nossa vivência quotidiana, decisão e crença são dimensões da vida que a todos afectam. Todos os dias se decide sobre algo tendo em conta determinados princípios, valores, e normas, na verdade, também eles, crenças. Reflectir sobre os seus fundamentos foi a proposta feita pelo Instituto de Filosofia Prática da Universidade da Beira Interior.
A actividade que convidou não só filósofos como todo o Departamento de Artes e Letras a estarem presentes, realizou-se pelos dias 20 e 21 de Abril, no auditório da Biblioteca Central. O objectivo fundamental deste colóquio intitulado "Decisão e Crença" foi, como explica o mentor do evento, António Bento, «ajudar a compreender a nossa própria experiência, dado que tanto a decisão como a crença são esferas indissolúveis da vida humana». O tema, apesar de ter sido proposto pelo Instituto de Filosofia Prática, abrangeu as mais diversas áreas do saber, passando não só pela Filosofia e Ética, como pelo Direito e Medicina.
Entre variadas e interessantes perspectivas, o espaço para a discussão e as divergências também foi contemplado. Segundo o conferencista Artur Morão, «hoje o conhecimento não é um fundamento absoluto mas algo sempre em aberto». Para o investigador e tradutor, «a ideia que deve reger estes espaços de reflexão e debate será criar conhecimento como uma obra colectiva e não só individual». Esta afirmação surge no seguimento da apresentação do livro "O Pensamento de Niklas Luhmann", por José Manuel Santos – uma colectânea de estudos divulgados em 2003 numas jornadas de Filosofia.
A iniciativa contou com a apresentação de várias reflexões de investigadores do Instituto de Filosofia Prática da UBI – António Campelo Amaral, José Manuel Santos, António Bento, Rui Bertrand, e André Barata. A decisão no campo da Medicina ficou a cargo de Manuel Silvério Marques da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Alexandre de Sá, da Universidade de Coimbra, Rafael Marques, do Instituto Superior de Economia e Gestão, e o investigador Artur Morão também marcaram presença.