José Geraldes

Manifestação e maternidade da Covilhã


O anúncio do fecho de maternidades tem gerado uma onda de protestos por todo o País. Com o argumento da racionalização dos serviços nesta área o Ministro da Saúde escudado num relatório técnico determinou o encerramento de um conjunto de bloco de partos.
Na Beira Interior, inicialmente ficaria a funcionar uma só maternidade, alargando-se depois para duas. Mas o Ministro da tutela reservou a decisão daquela que iria encerrar para o Conselho de Administração de um futuro Centro Hospitalar da Beira Interior. O Primeiro-Ministro confirmou na Assembleia da República o encerramento de uma das três maternidades.
A maternidade do Hospital Pêro da Covilhã corre assim o risco de fechar.
Claro que nem sequer em hipótese se pode admitir que tal venha a acontecer. Mas nunca há que fiar. E é necessária uma vigilância redobrada.
Aliás, nenhuma das maternidades deve ser encerrada. Não faz sentido a medida do Ministro para a Beira Interior. A sua aplicação vai tornar mais pobre a região já de si tão débil.
É caso para perguntar: onde está o interesse do Governo pelo Interior?
Neste caso das maternidades, é mais que justa uma discriminação positiva. Lá que o despacho tenha aplicação nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, estamos de acordo. Mas aqui obviamente não.
E nem acreditamos que o Primeiro-Ministro José Sócrates que trouxe para a UBI a Faculdade de Medicina, queira ver o seu nome associado ao fecho da maternidade da Covilhã ou das da Guarda e Castelo Branco. A manutenção das três maternidades da Beira Interior é uma forma de atenção para esta região habitualmente desfavorecida.
Nas cidades de Castelo Branco e Guarda, já se tomaram iniciativas no sentido de a respectiva maternidade não fechar.
Agora é a Covilhã que vai manifestar o seu veemente protesto e o forte repúdio para o hipotético fecho do bloco de partos do Hospital Pêro da Covilhã.
Promovida pela Câmara da Covilhã, a manifestação tem a adesão total da Câmara do Fundão e da União dos Sindicatos do Distrito.
É de chamar a atenção para o facto de as cidades da Covilhã e Fundão formarem já um aglomerado urbano de quase cem mil habitantes. E a estrada Nacional 18 funcionar como uma avenida de ligação com casas e habitação de um lado e outro. O Hospital do Fundão faz parte do Centro Hospitalar da Cova da Beira.
Seria desejável que também as câmaras de Belmonte- o seu presidente já se declarou solidário com a causa- e Penamacor e mesmo Sabugal aderissem oficialmente já que a maternidade da Covilhã serve as populações destes concelhos.
A Covilhã vai fazer ouvir a sua voz junto do Governo com todas as suas forças vivas. A população do concelho vai marcar a sua presença e repudiar uma medida sem sentido. A Cova da Beira faz coro com a Covilhã.
Ninguém nos tira o direito de os nossos filhos nascerem na Covilhã. Para além dos estudos técnicos, há as pessoas. E todos os afectos que as envolvem.
Todos os covilhanenses e naturais da Cova da Beira a uma só voz no Pelourinho: fecho da maternidade na Covilhã? Nunca e nunca!