João Queiroz *

A Medicina na Beira Interior


A Faculdade de Ciências da Saúde (FCS), da Universidade da Beira Interior (UBI), desde a sua criação que se comprometeu ao desenvolvimento de modelos inovadores na formação dos seus alunos, pautados por padrões científicos, pedagógicos e assistenciais de elevada qualidade e que satisfizessem os requisitos adoptados pelas instâncias nacionais, comunitárias e internacionais mais relevantes.
A metodologia pedagógica é inovadora no panorama nacional. Consiste num método tutorial, com plano de estudos bem definido, um reforço no carácter humanístico, organização por módulos e unidades pedagógicas com aprendizagem por objectivos. Ao contrário da organização tradicional do ensino que se baseia em disciplinas separadas, este sistema está organizado por blocos com integração dos conteúdos entre si , em que existe uma aprendizagem integrada, a nível horizontal, mas também a nível vertical (ao longo dos vários anos do curso de Medicina).
Para suportar esta metodologia de ensino foi feita uma grande aposta nas tecnologias de informação. Com uma rede estruturada, com suporte para wireless, que cobre todas as instalações da FCS, salas de tutoria e de auto-aprendizagem com computadores para os alunos, suporte total para a multimédia, instrumentos educativos, e trabalho on-line.
Os alunos, docentes e investigadores fazem uso quotidiano destas tecnologias, dispondo para isso de servidores dedicados (Web, mail, Intranet, conteúdos e avaliação), com terminais individuais em todas as instalações da FCS, seja nas salas de tutorias e de auto-aprendizagem e laboratórios de investigação, seja nos hospitais e centros de saúde. Esta rede é fechada numa intranet e apenas acessível aos utilizadores por meio de palavra-chave, sendo um ambiente típico de b-learning , com uma evolução prevista e natural para suporte de m-learning (mobilidade) dentro do campus universitário, físico e virtual.
Para todos os níveis do curso de Medicina, de acordo com os programas de cada módulo, há incorporação de conteúdos práticos e interactivos, versões digitais de vídeos, imagens médicas, sons, sinais fisiológicos, simulação das experiências, visualização em 3D, etc., conseguindo-se assim alcançar os objectivos de ensino pretendidos.
Temos a preocupação de formar um médico que tenha outro tipo de atitude e de competências perante o doente e o sistema de saúde, em geral. Ao integrar os alunos, desde o primeiro ano, nos centros de saúde e nos hospitais da região, nós pretendemos que eles tenham uma atitude mais próxima do doente, mais humanista, que consigam ter uma relação muito mais aberta e mais profissional com os colegas, isto é, que consigam trabalhar mais em grupo, e até que trabalhem mais facilmente com os outros profissionais de saúde. Obviamente que temos a preocupação de formar também pessoas, com uma nova forma de ver o ser humano.
Parece-me, neste momento, particularmente importante referir ainda o papel que o curso de Medicina tem tido e virá certamente ainda a ter nas unidades de saúde da região.
Trabalhamos em perfeita sintonia com o Centro Hospitalar da Cova da Beira, que integra o Hospital Pêro da Covilhã e o Hospital do Fundão, com o Hospital Sousa Martins, na Guarda; e com o Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco. Temos cooperado, ainda, com cinco Centros de Saúde: da Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Fundão e Belmonte.
Temos reuniões periódicas, quer com as direcções dos hospitais, quer com os serviços destes, bem como com os centros de saúde. O balanço é muito positivo. Acho que estamos a fazer um bom trabalho. Em termos de aprendizagem, no primeiro ano, os alunos estão 15 dias nos centros de saúde para os conhecerem e saberem como funcionam; no segundo ano, há duas semanas de actividades práticas do módulo de cuidados de saúde primários; e desde o segundo semestre do terceiro e ainda quarto e quinto anos, os alunos fazem a sua aprendizagem exclusivamente em meio clínico.
Fizemos um grande esforço no sentido de dotar os hospitais com condições muito similares àquelas que os alunos têm na Faculdade. É bom para os alunos, que lá estão continuamente e assim têm acesso aos livros e computadores com ligação à Internet e à nossa intranet. É também bom para os médicos.
Este é um projecto da Beira Interior, que pretende desenvolver e dinamizar a região. Queremos todos melhorar o acesso aos cuidados de saúde das populações. Foi esse o primeiro objectivo da criação deste curso de Medicina.
A criação da FCS e do curso de Medicina na UBI, em particular, continua a ser um dos pólos de desenvolvimento da região. A Faculdade está a atrair recursos humanos e materiais. O nosso objectivo é também fixar os nossos futuros médicos nesta região.
O curso de Medicina vai já no final do seu quinto ano e o balanço é francamente positivo.
Estou extremamente confiante em relação ao futuro das unidades de saúde da região, graças à qualidade da Medicina, e reafirmo a convicção de que ele irá contribuir significativamente para o desenvolvimento desta região da Beira Interior.

* Vice-Reitor da UBI e presidente da Faculdade de Ciências da Saúde