Acção de limpeza
600 sacos de lixo retirados da Serra da Estrela

A Associação de Produtores Florestais do Paul lamenta que todos os anos tantos resíduos sejam deixados no maciço central, a prejudicar animais e plantas. E entende que a Turistrela devia ter a responsabilidade de limpar a zona.


NC/Urbi et Orbi

Para os responsáveis pela associação, a Turistrela deveria limpar a área em questão

Em cerca de uma semana a Associação de Produtores Florestais do Paul retirou da Serra da Estrela 600 sacos de lixo. A maior parte na zona da Torre. A recolha foi feita por iniciativa própria, porque dizem prejudicar a fauna e a flora, mas o responsável por esta entidade, António Covita, lamenta que a Turistrela deixe o lixo acumular-se. A concessionária do turismo responde que milhares de pessoas sobem ao alto da serra e que é impossível controlar se deixam resíduos.
Até ao meio de Abril nove pessoas, pagas pela Associação de Produtores Florestais, procedeu à recolha de lixo na montanha mais alta de Portugal continental. Limparam a área da Torre, o Covão de Boi e o Covão das Vacas até à fonte dos Perús, a Nave de Santo António, no Teixo e a área circundante às pistas. “Este ano, por princípio, não limpámos dentro das pistas, porque a Turistrela devia dar o exemplo”, salienta António Covita.
“De todos os sítio, a Torre é a lixeira”, acrescenta o presidente da Associação. Entre os resíduos recolhidos, e depois transportados pelo Parque Natural da Serra da Estrela, encontra-se, conta, de tudo. Sacos de plástico, roupa, camisolas, garrafas e restos de comida são alguns dos exemplos.
António Covita frisa que a recolha do lixo não faz parte das obrigações da entidade a que preside. Porém, acrescenta que é sua função “zelar pelo bem-estar dos pastores e dos animais”. “Se as pessoas continuam a deixar o lixo na serra os animais pegam nos resíduos, espalham-nos e metem os sacos e tudo para o estômago”, sublinha.
Outra preocupação que realça é com as plantas. Nomeadamente os sorvenais, sobretudo na Nave de Santo António, que se empenham em conservar. Covita diz que o lixo, ao ser deixado em cima das plantas, dificulta o seu desenvolvimento. “A erva tem de ser comida, para se ir renovando. Com o lixo isso não acontece”, acentua.

Turistrela diz que é impossível controlar lixo que é deixado

Para minorar o problema António Covita entende que a Turistrela teria de desempenhar um papel importante, o que considera não estar a ser feito. “Se têm a concessão deviam fazer a limpeza e incentivar os turistas a levar o lixo, porque se querem turismo de qualidade tem de haver asseio”, defende.
Este responsável diz que é importante sensibilizar os turistas e sublinha que se mais gente fizer passar essa mensagem ela chegará mais facilmente às pessoas. Por não estar satisfeito com a actuação da Turistrela adianta que pensa alertar por escrito a concessionária do turismo na Serra para essa situação.
Artur Costa Pais, administrador da empresa, diz que a maior parte do entulho é das obras da responsabilidade do Parque Natural na zona envolvente à capela da Torre, com vista à requalificação do anfiteatro, que já está a ser removido.
Quanto ao resto, Costa Pais alerta para a quantidade elevada de pessoas que visita a serra. “Vão milhares à Torre. Enquanto não houver forma de anular a subida de carro durante o Inverno é difícil controlar isso”, salienta. “Isso é uma preocupação mas não é uma obrigação. Não podemos assumir essa responsabilidade, é uma responsabilidade de todos”, frisa. E informa que “neste momento está já a ser feita a limpeza geral pelo Parque Natural e a Turistrela”.