II Jornadas Internacionais
Arte & Moda com novas fronteiras

O Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis (DCTT) organizou a segunda edição das Jornadas Internacionais de Arte e Moda, que teve lugar nos dias 9 e 10 de Maio, na Universidade da Beira Interior. O balanço final desta iniciativa "é bastante positivo".


Por Neuza Correia

A moda esteve em destaque na Covilhã

Passado um ano e dois meses, a arte e a moda voltam a ser discutidas na UBI, num evento a cargo do DCTT. Esta iniciativa contou com a presença de conferencistas entendidos na área, portugueses e espanhóis, entre os quais Manuel Alves, estilista português conhecido internacionalmente e professor na Universidade de Arquitectura de Lisboa.
“O objectivo fundamental destas jornadas foi dar uma formação complementar aos alunos sobre a matéria da moda e tudo o que a circunda”, disse António Delgado, coordenador das jornadas. As matérias debatidas rondaram a estética corporal, a formação de estilos, e os princípios relacionados com o vestir.
Manuel Alves transmitiu uma palavra de incentivo aos alunos dizendo: “Eu estou aqui!”, uma palavra que reforça a ideia de que na moda tudo é possível. Sendo estilista, português, de renome, falou das suas experiências e do seu percurso até agora. Relembrou a altura em que se lançou no mundo da moda contando que “foram os piores momentos da minha vida”. Nos anos 80, abriu uma loja que só dava prejuízo, e por isso teve de trabalhar numa indústria para a poder sustentar. Durante três anos foi designer industrial, e passava a vida a viajar entre Lisboa e Aveiro, lembranças que revelou a todos os presentes.
O mundo da moda em Portugal «é complicado», devido a sermos um País pequeno e com poder de compra reduzido, o que leva a um deslumbramento com o comércio externo, tudo o que são marcas internacionais. “Nós temos que competir neste campo; é muito complicado a gente conseguir actuar de maneira bastante eficaz neste País” disse o estilista.
A sociedade está preparada para a criatividade, mas não tem uma cultura do gosto, do olhar e, principalmente, poder de compra. Estas razões levam a que seja muito difícil o design lançar-se em Portugal. Este estilista, que já fez desfiles pela Europa e também é criador da identidade corporativa Vodafone, deixou uma palavra de incentivo, uma motivação aos alunos dizendo que “nós somos indivíduos de cultura”. Este encorajamento partiu da ideia de que: “Eu consegui, portanto os outros também têm de conseguir”, o que vai depender são os planos operativos de cada nome para fazer singrar a sua marca.
Um dos objectivos deste encontro foi apresentar a moda como um espelho de hábitos, de comportamentos físicos e psicológicos, individuais e colectivos. A moda faz parte da cultura de uma sociedade e a partir dela podemos compreender o carácter e o espírito dessa sociedade. A partir da moda e do vestuário reconhecemos logo uma determinada época, e a questão da mudança de modas durante um determinado tempo. Hoje usamos roupas que foram moda nos anos 80, por exemplo, e temos também modas novas, que passado algum tempo deixam de ser usadas.
A moda é um universo devido à sua grande variedade, desde o prêt-a-porter à alta-costura, roupas que se aplicam a determinadas pessoas e “bolsos”.
O fenómeno da moda desperta o interesse académico devido à sua relação com valores estéticos, de consumo, e valores culturais associados aos interesses económicos.
Este evento esteve aberto a todos os alunos que quisessem participar, embora mais voltado para os alunos da licenciatura em Design Têxtil e do Vestuário, e para os profissionais das empresas de moda (Têxtil e vestuário). “A moda e o vestir são uma coisa a que toda a gente obedece, porque todos se vestem, usam roupa, e é uma forma de criar identidades” referiu António Delgado.
A roupa faz a pessoa, por isso andamos sempre em busca de algo novo e diferente, como disse Manuel Alves: “A curiosidade move o mundo”, e a moda move todo o sentimento de busca pelo novo.