O próprio público fazia parte do cenário do espectáculo alternativo que esteve presente no Teatro Cine da Covilhã no passado dia 18 de Março.
Com o texto original de Ricardo Marques, e criação do mesmo em conjunto com Nuno Leão, “Antes de Descobrir a Garganta” assumiu-se como um espectáculo-tentativa que procurou a perpetuação de uma manifestação teatral. Para explicar a forma como surgiu o excerto apresentado, Ricardo Marques disse que começou por “escrever espontaneamente, e apenas três páginas. Depois, e em consenso com o Nuno fui escrevendo mais e surgiu este espectáculo”. O actor refere ainda que “a nossa inspiração é o teatro e a maneira como o vemos”. Quando questionado acerca do porquê de fazer do público o próprio cenário, Ricardo Marques explica que “é mesmo para envolver as pessoas no espectáculo. Foi por isso que representamos esta peça inicialmente numa sala estúdio”.
Esta encenação reflectia o curto percurso que estes dois jovens actores percorreram até então. Nuno Leão explicou ainda que “nos nossos espectáculos não falamos muito da ideia de personagem. Aliás, tenho dúvidas se há ou não personagens, isso cabe ao público decidir”. O convite para que estes actores viessem ao Teatro Cine surgiu a partir da intervenção da presidente da Associação do Núcleo do TeatrUBI, Graça Faustino.
O espectáculo, que teve como ponto de partida a “ideia de ilusão da construção”, reflectiu no público sentimentos como “caos, desespero, estranheza e algo abstracto”, mencionou João Araújo, estudante de Bioquímica da UBI.
Ao quinto dia de espectáculos, Graça Faustino afirma que este 14º ciclo de teatro “tem um balanço bastante positivo”, referindo ainda que “as pessoas têm aderido bastante tanto às peças com lotação limitada como às outras”.