"Tudo o que se centrar na aprendizagem pelo aluno vem melhorar"

U – Bolonha poderá ajudar, alterando o plano curricular dos cursos e tendo em conta que o ensino irá centrar-se sobretudo na aprendizagem do aluno?
H.F. – Tudo o que se centrar na aprendizagem pelo aluno vem melhorar. Para citar uma amiga, Bolonha e o Natal são sempre que o Homem o quiser.
Em particular sobre o plano curricular do primeiro ciclo em Matemática na UBI, refiro que continuará a fornecer uma formação universitária na área e proporcionará formação complementar opcional em áreas de aplicação da Matemática. Deste modo, para além de uma sólida formação em Matemática, permitirá aos bem licenciados desempenharem funções nos sectores dos seguros, banca, transportes, entre outros.
Esta formação multidisciplinar facilitará a frequência de segundos ciclos em Matemática, em Ensino da Matemática, em Informática ou em outras áreas de Ciências Exactas ou Sociais.

U – A nível pedagógico, considera que os docentes estão preparados para as mudanças que se avizinham?
H.F. – A célebre frase “passagem de um ensino baseado na transmissão de conhecimentos para um ensino baseado no desenvolvimento de competências” pode levar a pensar que se podem desenvolver competências sem a transmissão/aquisição de conhecimentos. Estou muito grata aos excelentes transmissores de conhecimentos que se cruzaram na minha formação e sem os quais não teria desenvolvido as minhas competências! Os docentes universitários estão preparados para ensinar enquanto continuarem a investigar e têm criatividade para várias metodologias de ensino e avaliação. Temo no entanto que os alunos não estejam preparados para estudar mais e honestamente. O sucesso estatístico das taxas de aprovação não corresponde a sucesso de aprendizagem e de desenvolvimento de competências quando se copia ( e um recente  estudo diz que 3 em 4 estudante universitários copia…) ou estuda apenas a pensar se a pergunta do tipo A aparece no teste ou se faz um trabalho a copiar acriticamente textos da internet. É preciso uma cultura de querer saber pelo valor e prazer do saber. Se professores e alunos alimentarmos o falso sucesso da aprendizagem,  a seguir andamos todos a desconfiar dos professores, dos engenheiros, dos médicos, dos gestores, … enfim, de todos os serviços que nos prestam, do que se produz, do que nos vendem, do que nos informam.

Perfil

“Fazer investigação em Matemática é um processo lento”

“Esforço de aprendizagem torna-nos mais aptos e nunca fez mal a ninguém”