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Palomar

> Cátia Felício

Será possível encontrar um sentido nas coisas no mundo à nossa volta? E dentro de nós próprios? O senhor Palomar, como é respeitosamente tratado, está longe de ter alguma certeza em relação a isto. E, no entanto, continua à procura.
“A vaga vai rolando, qual cavalão solitário, até que se abate sobre a costa (…). O senhor Palomar, que também foi empurrado pela vaga provocada pela gasolina, arrastado pela maré de escórias, sente-se repentinamente como um destroço por entre destroços, cadáver arrastado sobre as praias-caixotes-do-lixo de continentes-cemitérios. Se, para além dos olhos vidrados dos mortos, nenhum outro olho voltasse a abrir-se sobre a face do globo aquoterrestre, a espada não voltaria a brilhar”. Este é um breve excerto de Palomar na praia sobre a espada do Sol, nome dado ao raio de luz que se prolonga nas águas do mar aquando do pôr-do-sol.
“Palomar” é o último romance publicado em vida por Italo Calvino (1923-1985), um dos maiores escritores da segunda metade do século XX preocupados em descobrir o sentido da existência a partir da banalidade do quotidiano.
Da praia ao jardim, daí até ao terraço ou ao jardim zoológico há uma viagem pela vida e pensamentos de Palomar, que acaba por se deparar com a sombra da morte. O personagem chega ao último capítulo do livro disposto a "aprender a estar morto", a partir da ideia de que a vida, sem a sua presença, "continuará a acontecer".






Data de publicação: 2007-01-16 00:00:00
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