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Nós professores não devemos só ensinar, mas também estudar

“Existe um sintoma geral de crise nas Engenharias”

Há 16 anos que Andrej Litewka é docente do Departamento de Engenharia Civil da UBI. Em entrevista ao Urbi, o docente confessa que está satisfeito com o crescimento da UBI. Um conversa que passa em revista os principais momentos da instituição, as apostas feitas em diversas áreas e licenciaturas e o percurso das Ciências da Engenharia, desde 1991, até hoje.

> Eduardo Alves

Urbi@Orbi – Veio para a Covilhã com o intuito de ficar apenas um ano, mas acabou por ficar mais de uma década. A que se deve essa mudança?
Andrej Litewka – [Ouvir resposta]
É muito difícil explicar as razões que levaram a esta alteração. Esta posição foi tomada há mais de uma década e grande parte das razões que me levaram a ficar já foram desaparecendo da minha memória. Mas a decisão de ficar aqui por um tempo não definido foi porque eu gosto deste lugar, gosto deste País, da zona da serra e das gentes. Desde os professores, aos colaboradores da instituição, todos são boas pessoas. E também gosto dos alunos. Estes sempre têm algumas vantagens e desvantagens, mas o resultado final é favorável.

U@O – Quando recebeu o convite para vir leccionar na UBI qual era a ideia que tinha da instituição?
A. L.
– [Ouvir resposta] Há 16 anos, na época da Primavera, o então reitor Passos Morgado e o actual reitor da UBI, Manuel Santos Silva deslocaram-se à Polónia, mais precisamente à Universidade Técnica de Poznan, onde eu era professor de Engenharia Civil. Esta visita tinha como objectivo, pedir ajuda na actividade de docência da UBI onde faltava professores, sobretudo nas Engenharias. Quer os dois responsáveis da UBI, quer alguns colegas meus motivaram-me para vir para a Covilhã. Esta minha deslocação foi para leccionar e também para ajudar a universidade. Decidi então vir durante um ano.
O meu emprego na Polónia, naquela época, estava seguro, estável. Tinha uma posição adequada e vivia satisfeito. Só que encarei a proposta de vir para a Covilhã como um desafio. Já visitei universidades, um pouco por todo o mundo, na Suécia, na Inglaterra, na França, nos Estados Unidos da América, em Cuba, mas nunca tinha visitado Portugal nem as suas instituições de Ensino Superior.

U@O – Foi então um grande desafio?
A. L.
– [Ouvir resposta] Um desafio duplo, aliás. Isto porque tinha de começar a actividade de docência e também de investigação, tudo isto numa instituição e num país completamente desconhecidos. Para além disso, os meus contactos no exterior tinham sido limitados a países com línguas germânicas. Raramente tinha visitado universidades em países de línguas de origem românica. Talvez a França, mas pouco.Este foi assim, para além de um desafio profissional, também uma oportunidade de, a nível pessoal, obter algumas informações e conhecimentos sobre a cultura destes países com origem na Roma antiga. Nós professores, devemos não só ensinar, mas também estudar. Isto é necessário para a dita educação geral.

U@O – Quando chegou, como viu Portugal?
A. L. – [Ouvir resposta]
Que isto não é o cantinho da Europa (risos…). Geograficamente está localizado num dos extremos da Península Ibérica, mas não é o fim do mundo. A Europa estende-se até à Madeira, aos Açores e às Ilhas Canárias. A própria extensão da cultura europeia vai até aos países americanos.
Reparei que Portugal como país que está no centro da cultura e da civilização romana tem muitas semelhanças com a Polónia. O meu país também fica a mais do que um milénio no grupo dos países muito influenciados pela cultura romana. As línguas são diferentes, mas são muitas as semelhanças na atitude das pessoas, na base cultural e também nos hábitos. Para além disto tudo, também existe alguma terminologia linguística semelhante entre o português e o polaco.

U@O – Foi muito difícil aprender português?
A. L.
– [Ouvir resposta] Na minha vida tentei estudar muitas línguas, russa, alemã, francesa, inglesa. Tenho alguma experiência e sei muito bem quais são as dificuldades de estudar e apanhar uma língua. Também sabia naquela época quanto tempo demora a apanhar uma língua a um nível necessário para se contactar com as pessoas.Não tomei a decisão de imediato, de estudar sistematicamente a língua portuguesa. Mais depois de verificar que iria permanecer aqui, foi claro que tinha de pelo menos tentar aprender português. Foi um processo muito interessante, pois cada vez mais estava empenhado em estudar a apanhar esta língua.

“Penso que o caminho seguido pela UBI tem uma direcção bem definida”

“Em todos estes anos que aqui estou, não posso dizer que conheço este País”

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Data de publicação: 2007-02-06 00:00:00
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