Voltar à Página da edicao n. 367 de 2007-02-13
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: António Fidalgo Directores-adjuntos: Anabela Gradim e João Canavilhas
 

Um jornal chamado Urbi

> Ana Moreira

Escrever este texto é reviver desde o primeiro segundo a minha chegada à Universidade da Beira Interior, que mais tarde viria a ser a UBI, a nossa UBI.
È como os amigos, começamos por lhes chamar Filipe Silveira, Teresa Batista, Paulo Carneiro etc., etc. acabamos a chamar-lhes Lipe, Teresinha, Paulito e tantas outras coisas que pouco a pouco nos fazem sentir mais perto.
Mas falava eu de reviver a chegada à Covilhã. O primeiro sentimento é o do medo do desconhecido, mas curiosamente segue-se-lhe uma sensação de estar no local certo, um golpe de intuição, creio eu, que logo nos primeiros dias me disse: “É aqui o teu lugar”.
Apesar da distância da família, do lar, de outros amigos… Aquele sítio, em pleno sopé da serra, dizia-me para ficar. E fiquei, até hoje. Primeiro de corpo, agora de alma também. Porque os pais não se esquecem e a UBI é a mãe desta paixão que hoje abraço.
Na vida, uns mais do que outros, todos traçamos caminhos. O gosto pelo jornalismo vem lá de trás, de uma altura em que na verdade ainda nem compreendia bem este conceito de ser jornalista.
Mas as verdadeiras paixões são assim. Primeira a atracção, depois o amor. E todos sabemos que o amor precisa de ser alimentado. E nisso que devo muito à UBI, onde cresci como pessoa e como profissional.
Muitas vezes, ainda era a aluna nº 12703, recorri ao Urbi@ORBI para ler os depoimentos de outros colegas que também pela UBI tinham passado.
A minha ansiedade era de saber como viviam o presente, que caminhos tinham desbravado.
Hoje parece ser a minha vez de deixar esse testemunho.
Confesso, corre-me nas veias o nervoso miudinho de não o fazer da forma elegante que todos os ex-alunos o desejam fazer, mas corre-me também o orgulho de finalmente estar deste lado.
Sou neste momento jornalista da SIC, foi nesta casa que estagiei e por aqui tenho ficado. Já lá vão quase dois anos e meio. A minha carteira profissional já é vermelha, quer isto dizer que já sou considerada pela “Comissão da Carteira profissional” como jornalista. Mas a verdade é que ao fim destes dois anos e meio me sinto mais estagiária do que nunca. È agora que estou a aprender de verdade. Diariamente continuo a ser corrigida, diariamente sinto que poderia ter feito melhor. È isso que faz o mundo do jornalismo tão interessante, mas é também isso que o torna tão exigente. Há sempre mais e mais para descobrir e nunca haverá uma regra estanque para fazer a boa notícia. Essa sensibilidade tem de sair a cada momento, em cada história. E só a experiência e muito trabalho pode ajudar-nos a errar cada vez menos.
Mas quem sou eu para falar tanto do que ainda sei tão pouco?
Uma coisa é certa a experiência provou-me que UBI é certamente das melhores universidades para passar por quem quer ser jornalista. Diariamente lido com vários estagiários vindos de outros pólos de ensino e poucos, muito poucos, têm a sorte de chegar ao mercado de trabalho com a experiência oferecida na UBI. Sem sair da universidade os alunos de Ciência das Comunicação podem trabalhar em todas as áreas que o jornalismo oferece. É uma oportunidade única que só não é aproveitada pelos preguiçosos ou por aqueles que afinal não amam esta coisas de “ser jornalista”.
E aos que não estão apaixonados digo: “Desistam”. Para quê lutar por uma coisa que nos rouba grande parte da vida pessoal e que nos deixa a conta bancária “magrinha”? Há investimentos mais viáveis.
Os outros lembrem-se que cá fora há pouco tempo para ensinar, se o “B A Bá” não vier sabido restará pouco espaço para conseguir vencer.
Agradeço até hoje o que aprendi no CREA, a porta sempre aberta do professor Canavilhas, os “raspanetes do Paulo”, o mau humor do Patrick e a boa vontade de todos que me fizeram melhor.
E neste “todos” ficam, injustamente, a faltar muitos nomes.
Para terminar dizer que já todos devem saber que o bom texto é aquele que diz muito em pouco. Aproveitem para tirar uma lição comigo. Este texto é o melhor exemplo do que seria um mau exemplo. Mas que se dane (e dane também não se escreve), agora que somos mais “crescidos” dou-me ao direito de roubar à síntese mas doar ao saudosismo.
Para sempre UBI, vestida de capas negras de estudantes, com “bezanas ambulantes” a beber à desgarrada.
Porque há locais onde CRESCER ainda é tarefa fácil.

Ana Peneda Moreira

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Data de publicação: 2007-02-13 12:21:35
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