UBI estuda as alterações climáticas

José Callheiros, docente na Faculdade de Ciências da Saúde é um dos investigadores envolvidos no projecto SIAM. Calheiros dirige uma equipa multidisciplinar de investigadores que estudam o impacto das alterações climáticas no nosso País. Os primeiros resultados são agora conhecidos.

O ambiente e a preservação da natureza são temas cada vez mais em voga nos nossos dias. Organizações de todo o mundo debatem o problema e a ciência tenta encontrar soluções para o problema da poluição. Foi neste âmbito que surgiu também há cerca de sete anos o denominado “Projecto SIAM”. Com este estudo, Portugal torna-se num dos raros países do mundo que foi capaz de, à escala geográfica, aplicar sofisticadas metodologias de análise e prospectiva desenvolvidas no âmbito do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), promovido pela ONU. Várias equipas de investigadores, coordenados por Filipe Duarte Santos, professor catedrático do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e membro do Centro de Física Nuclear da UL, estudam, desde então “um variadíssimo leque de áreas”, explica José Calheiros, docente da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI.
Este professor e investigador é que lidera o grupo de cientistas que estudam o impacto das alterações climáticas na Saúde Pública. O docente da UBI destaca o trabalho que tem vindo a ser feito e que surte agora algumas novas conclusões. Trabalho esse que estudou também a implicações da alteração do clima no turismo. Para se chegarem a resultados credíveis o estudo envolveu áreas tão diversas “como a orla costeira, a energia e as questões meteorológicas, que estão na base de tudo”.
Calheiros começa por explicar que “quando se fala, neste âmbito, em Saúde Pública, associa-se logo os fenómenos das ondas de calor, uma vez que são os mais visíveis”. As alterações climatéricas têm feito “com que estas ondas sejam cada vez mais fortes”. Ainda assim, o docente da FCS explica que “este fenómeno não é de agora”. Mas segundo os dados já recolhidos pelo grupo de investigadores, tudo aponta “para que estas ondas de calor sejam cada vez mais frequentes e mais intensas”. Desta forma, uma das principais conclusões apontadas por José Calheiros vai no sentido de “sermos capazes de desenvolver mecanismos de adaptação que protejam os mais fracos, os mais pobres e os mais vulneráveis, uma vez que nós não conseguimos mudar o clima”.
Este professor lembra que a nível global existe já uma publicação, citada no último relatório da ONU que foi apresentado há bem poucos tempo em Paris, e que fala sobre “Portugal, as alterações climáticas, cenários, impactos e medidas de adaptação”. Uma obra onde são avançadas as principais conclusões recolhidas por todos os grupos científicos envolvidos neste projecto.