“Reflectir e debater” para melhor educar

Os aspectos e tendências da actual conjuntura do ensino português foram debatidos por vários investigadores nas “Jornadas Pedagógicas” promovidas pela Escola Secundária Frei Heitor Pinto.

O ensino é cada vez mais um tema em foco no espaço de debate mediático e académico. Definir os seus aspectos e influência na formação e educação dos jovens foi o objectivo das “Jornadas Pedagógicas” que decorreram durante os dias 2 e 3 de Março no Auditório do Pavilhão da Anil. Organizadas pela Escola Secundária Frei Heitor Pinto, esta iniciativa procurou “fomentar uma cultura de responsabilização na educação dos alunos para melhor resolver os problemas que surgem nas escolas”, refere Aníbal Mendes, Presidente do Concelho Executivo da Frei Heitor Pinto.
Tendo como ponto de partida a actual situação da carreira docente em Portugal, este colóquio procurou debater a reforma no ensino levada a cabo pelo Ministério da Educação, bem como, apresentar algumas soluções para melhorar a performance e empenho dos alunos.
A primeira comunicação das jornadas esteve a cargo de Maria Luísa Branco que procurou falar de “Educação para uma Cidadania Democrática”. Segundo a docente da Universidade da Beira Interior, “hoje em dia a escola e a família já não são as referências de outrora e os alunos vivem na sociedade do individualismo e do sucesso fácil”, sublinhou.
“Educação Sexual na Escola e na Família” foi o tema escolhido por Fernando Regateiro para estas jornadas. Acreditando que a educação nasce dos modelos e das referências, o docente da Universidade de Coimbra reitera que “não se pode tratar de modo igual o que é diferente, já que, todos os alunos têm características intrínsecas e muito específicas”. Fernando Regateiro considera que a educação sexual deve ser enquadrada no âmbito de todas as disciplinas e o plano de análise não pode, nem deve ser rígido.
No segundo dia das “Jornadas Pedagógicas”, João Amado discorreu sobre “Indisciplina e Violência na Escola”. O docente da Universidade de Coimbra e especialista em Ciências da Educação, sublinha que a indisciplina “não é um fenómeno que se compadece com análises simplistas e, quando se procura estudar esta realidade é necessário ter em conta que na escola não há indisciplina, há indisciplinas”. Para João Amado, “os alunos devem cumprir as normas por convencimento e não por medo e os professores devem ensinar e saber constranger com humanismo”, referiu o conceituado investigador.
A conferência chegou ao fim com a comunicação de Paulo Serra intitulada “A Internet como Recurso Educativo”. O professor da UBI sublinhou o carácter universal da Internet afirmando que “esta pode ser usada como uma boa fonte de informação sem, no entanto, substituir a sala de aula”. Paulo Serra acredita que o uso da Internet por parte das escolas pode trazer grandes benefícios para o processo de educação dos alunos, uma vez que, “como recurso didáctico esta tem informação que pode ser aproveitada pelo professor”, rematou.
O balanço destes dois dias de jornadas foi “bastante positivo” com a organização a considerar que a participação dos professores foi muito boa, embora Aníbal Mendes tenha lamentado a “fraca adesão dos pais e encarregados de educação”.