Voltar à Página da edicao n. 376 de 2007-04-17
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Concurso “Júlio Cardona” condecora sul-coreana

Choi Kyung Eun, violoncelista Sul-coreana, foi a grande vencedora do VI Concurso de Instrumentos de Arco “Júlio Cardona”, arrecadando 4 prémios numa só noite. A grande desilusão, para o júri, foram as prestações dos violinistas da classe A.

> Cristina Reis

Terminou na passada quinta-feira, 5 de Abril, a VI edição do Concurso de Instrumentos de Arco Júlio Cardona. Durante uma semana o Teatro-Cine da Covilhã recebeu alguns dos melhores violinistas e violoncelistas das mais conceituadas escolas de música do mundo inteiro. Foram 97 os participantes de 26 países que competiram pelos primeiros lugares do concurso, cuja sobrevivência está em risco por falta de financiamento.
A grande vencedora deste ano foi Choi Kyung Eun, uma violoncelista de 25 anos, que levou para a Coreia do Sul o 1º prémio de violoncelo da classe A (concorrentes até aos 30 anos). A juntar ao 1º prémio Choi arrecadou mais três: o prémio de melhor execução da peça obrigatória, o prémio do público e o prémio da Câmara da Covilhã. A sul-coreana mostrou-se muito feliz e admite que “não esperava ganhar todos estes prémios”. A violoncelista, formada na Escola Superior de Artes de Seul e na Universidade Nacional de Seul, começou a tocar aos 11 anos de idade e terminou recentemente a pós-graduação com distinção no Royal Northern College of Music. O segundo prémio da classe A de violoncelo foi atribuído ao espanhol Josetxu Obregón
Já na classe B de violoncelo (concorrentes até aos 18 anos), o prémio coube a António Novais, o único português a receber um primeiro prémio. O violoncelista, natural de Esposende, estuda na Escola Profissional de Artes da Beira Interior e confessa que “encontrei aqui um nível muito alto pelo que não estava à espera de atingir o pódio”. O vencedor sublinha, no entanto, que ter ganho “foi muito gratificante, pois foi sinal de reconhecimento por todo o trabalho que tive”. António foi, ainda, vencedor do melhor executor da peça obrigatória e do melhor covilhanense na classe. Com o prémio, António pretende comprar um novo arco, e substituir o antigo por um de madeira. O segundo prémio da classe B de violoncelo coube ao alemão Jakob Roters.
Quanto a modalidade de violino classe A, o júri decidiu não atribuir o primeiro prémio. A razão prende-se “com o patamar de exigência que este concurso criou ao longo de 10 anos, pelo que nenhum dos violinistas aqui presentes atingiu um nível merecedor do prémio Júlio Cardona”, justifica Campos Costa, maestro e organizador do evento.
O prémio da modalidade principal tinha o valor de 2500 euros e era atribuído pela Universidade da Beira Interior. Assim, foi concedido um segundo lugar ex-aequo a Polina Nikiforova, de nacionalidade Suíça/Russa, e à austríaca Lisi Kohler. Na classe B de violino, Anite Stroh, concorrente alemã de apenas 11 anos, recebeu o primeiro prémio, enquanto o segundo prémio coube a Mathias Inoue (Suíça/Japão), que levou ainda o prémio da peça obrigatória.
O Concurso Júlio Cardona “tem a característica única de incluir nas provas de interpretação obrigatórias, peças de compositores portugueses”, refere Manuel Ivo Cruz, maestro e presidente do júri. Este ano, para as classes A de ambas as modalidades, foram escolhidas peças obrigatórias do português Fernando Lopes Graça e para a Classe B obras de Armando José Fernandes. Uma novidade desta edição foi a participação da Orquestra de Câmara da Universidade do Minho, tanto no concerto final como no acompanhamento das provas finais da classe A.
Paralelamente ao concurso, realizou-se no dia de encerramento, pelas 15 horas, no salão do foyer do Teatro-Cine, uma tertúlia sobre o compositor Gabriel Morais e Sousa. A sessão assinalou os 50 anos da sua morte com um concerto de Homenagem onde foram tocadas algumas das suas composições pelo pianista Francisco Monteiro. O músico, natural do Tortosendo, faleceu com apenas 28 anos deixando toda a sua obra perdida, a qual foi encontrada e recuperada há cerca de dois anos.
No espectáculo de encerramento, realizado quinta-feira às 21:30, Campos Costa chamou a atenção para o risco que corre a realização da VII edição do “Júlio Cardona”, agendada para 2009, pois “se não houver apoios das entidades locais e nacionais o concurso não será feito”, salientou o maestro.






Data de publicação: 2007-04-17 00:00:00
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