Voltar à Página da edicao n. 391 de 2007-07-31
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: João Canavilhas Director-adjunto: Anabela Gradim
 

A nova emigração

> João Canavilhas

É apenas uma pequena caixa no fundo de uma página par do jornal Público. Dificilmente poderia ser mais discreta, mas a notícia é deveras preocupante. “O número de alunos portugueses em Espanha foi o que mais cresceu em 2006 entre os estudantes chegados de países oriundos da União Europeia”, refere a notícia. E não se pense que os dados dizem respeito aos estudantes que todos os anos vão para Espanha estudar Medicina. Os actuais 7729 alunos portugueses em Espanha, mais 1544 do que no ano anterior, estão inscritos nas escolas primárias e secundárias espanholas. Este aumento do número de estudantes portugueses só pode significar uma coisa: a emigração de famílias portuguesas para Espanha está a aumentar.
Aparentemente, começou um novo ciclo de emigração portuguesa. Nas décadas de 60 e 70, muitos casais abandonaram o país deixando os filhos aos cuidados dos avós. Outras vezes, o chefe de família partia primeiro, chamando depois a mulher. Os filhos já nasciam em França, tornando-se cidadãos franceses. Neste novo ciclo de emigração tudo é diferente. Quem agora parte são jovens casais, muitas vezes com bom nível de habilitações e emprego estável, mas sem uma qualidade de vida compatível com os seus anseios. E nem é difícil perceber por quê: o nível de vida dos portugueses que recebem o salário mínimo é o mais baixo da Europa a Quinze, sendo mesmo inferior ao de alguns dos recentes membros da UE. As razões para esta verdadeira tragédia são os baixos salários e a pesada carga fiscal que se reflecte no preço de alguns dos produtos mais consumidos pelos portugueses. Veja-se o exemplo da alimentação: excluindo os novos membros da UE, os portugueses são os que gastam maior percentagem do vencimento em alimentação. A tão apregoada convergência com a Europa é cada vez mais uma miragem, os portugueses emigram e o país fica mais pobre.

Nota: Em 2006, cerca de 300 mil portugueses (sobre)viviam com apenas 385 euros por mês num país onde o salário médio é de cerca de 650 euros. No entanto, os bancos cobram despesas de manutenção em contas com saldos inferiores a 2500 euros. Há aqui algo errado, certamente.

> jcv @ ubi . pt em 2007-08-14 14:12:37
Caro Canavilhas, Não há dúvida que estes movimentos pretendem envolver e mobilizar a sociedade e os vários poderes no cumprimento das suas obrigações para com os cidadãos. Contudo, e durante a sua curta existência, não parece que o MCC tenha assumido uma intervenção em tempo útil centrada nas prioridades regionais, de modo a enfrentar questões lesivas do interesse colectivo. Pelo contrário, tem revelado alguma inércia, e mostra-se incapaz de mobilizar os cidadãos para que exerçam uma pressão consciente e organizada sobre os diversos poderes. senão vejamos alguns exemplos: Perante o aumento significativo do desemprego no concelho, a indefinição face ao encerramento da maternidade, a exclusão do segundo ciclo nas engenharias da UBI, a continuação de politicas de desordem urbana... Onde esteve ou está o MCC?


Data de publicação: 2007-07-31 14:21:08
Voltar à Página principal

2006 © Labcom - Laboratório de comunicação e conteúdos online, UBI - Universidade da Beira Interior