Voltar à Página da edicao n. 400 de 2007-10-02
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O grupo de pessoas que participou nesta formação

Docente da UBI traça mapa de África

Um docente da Universidade da Beira Interior esteve 15 dias no Quénia a promover um curso para técnicos de recolha e tratamento de dados geográficos. A instalação de estações de monitorização e a implementação de um sistema de posicionamento global são os próximos passos.

> Eduardo Alves

Portugal aderiu há pouco tempo ao sistema de posicionamento global europeu, denominado GPS. Um facto que “tem óbvias vantagens, para as mais diversas aplicações”. Quem o afirma é Rui Fernandes, docente no Departamento de Informática da UBI. Vantagens que passam, segundo este docente, por aplicações, “em áreas como a engenharia”. Se os países criassem sistemas de posicionamento autónomos, a construção de uma ponte em zonas de fronteiras “originava levantamentos que não iriam coincidir”. No caso de um posicionamento global, “todos os países são orientados por uma mesma escala”.
O maior dos problemas reside mesmo no facto de alguns países não terem ainda mapas bem definidos nem redes de estações de recolha e tratamento de dados geográficos e cartográficos. Um caso exemplar, nesta matéria, é o do continente africano, “onde não existe um sistema destes”. Foi com o objectivo de demonstrar as potencialidades destes sistemas e de formar técnicos para futuras estações de recolha de dados que Rui Fernandes orientou um curso de 15 dias no Quénia, no passado mês de Agosto.
O docente da UBI organizou este evento em parceria com o Centro Regional para o Mapeamento de Recursos para Desenvolvimentos, com o Centro de Geofísica da Universidade de Lisboa e com o Hartebeesthoek Radio Astronomy Observatory da África do Sul. Um curso de duas semanas que decorreu em Nairobi, no Kenya, entre 30 de Julho e 10 de Agosto, e onde estiveram presentes representantes de nove países, Etiópia, Quénia, Malawi, Nigéria, Portugal, Uganda, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia. O curso foi oficialmente aberto por Kivutha Kibwana, ministro do Interior da República do Quénia.O docente da UBI salienta que o objectivo principal do projecto passa pela implementação de um sistema desta natureza para todo o continente africano. Fernandes adianta também que está ligado a este desafio “há já algum tempo”. Para além dos sistemas que já existem nesta região do globo “e que são ‘nacionalizados’, o que se está a tentar promover é a necessidade urgente de materializar um novo sistema, a ser implementado de raiz”. Esta ideia começou a ganhar força, “quando em 2006 participei numa conferência, na África do Sul e se falou, pela primeira vez, num sistema global para aquele continente”. A partir desse momento começou-se o trabalho, a instalação de algumas estações e conseguiu-se mesmo “ter o apoio de um laboratório da NASA”.Em termos de comunidade internacional, “o continente africano é dos mais carenciados neste tipo de estruturas, mas é também onde se está a investir mais”, sublinha o docente da UBI. O investimento neste tipo de sistemas de GPS, num continente com muitas nações a começarem agora a construir as suas estruturas “é fundamental”. “Quer para fazer levantamentos de áreas quer para trabalhos de engenharia”, acrescenta Fernandes. Contudo, para que isso possa acontecer “temos de ter softwares e metodologias específicas que permitam a realização desse tipo de trabalhos”, alerta Rui Fernandes. O docente da UBI diz pois que “aquilo que fomos lá transmitir foram formas de trabalho e de utilização de todas estas coisas”. Este foi um curso essencialmente teórico “de como processar este tipo de dados, de que forma estes equipamentos devem ser instalados, como utilizar os dados de GPS para este fim, entre outras coisas”, sublinha.Rui Fernandes acrescenta que neste momento “está a fazer falta mais algumas estações de medição e de observação, existe já pelo menos uma em actividade e permite que este plano de actividades que traçamos siga em frente”.Para além deste tipo de actividades, Rui Fernandes está também a desenvolver um outro projecto em África e que diz respeito “ao movimento de duas placas tectónicas”. Algo que se consegue “através dos dados fornecidos por este tipo de equipamento e software”, esclarece o docente. Há um projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) para estudar a movimentação das placas tectónicas em várias áreas. “Como temos uma estação de observação em Moçambique e até ao fim do ano pretendemos instalar mais um ou duas, esse estudo pode prosseguir a bom ritmo”, acrescenta.


O grupo de pessoas que participou nesta formação
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Data de publicação: 2007-10-02 00:00:00
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