Voltar à Página da edicao n. 407 de 2007-11-13
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Os produtores estão preocupados com a

Produtores temem “Língua Azul”

A doença da Língua Azul vai prejudicar as explorações pecuárias na venda de borrego para as mesas de Natal e do leite de ovelha para a indústria de queijos. O alerta foi deixado na passada semana pelos responsáveis pelo sector no distrito de Castelo Branco.

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Todos pedem a São Pedro que traga frio e culpam as alterações climáticas pela prevalência de temperaturas amenas, que permitem a sobrevivência do mosquito que transmite o vírus da doença.
"A doença não é transmissível ao homem, mas mata ovinos e caprinos. Os produtores perdem animais e os que sobrevivem são geralmente mais fracos", disse à Agência Lusa Pedro Cardoso, médico veterinário coordenador da Associação de Produtores de Ovinos do Sul da Beira (Ovibeira). "Com a doença, as ovelhas, cuja época de parição acontece geralmente entre Agosto e final de Novembro, podem deixar de dar leite. Isso reflecte-se nos borregos, que têm de receber amamentação artificial", acrescenta.
Segundo disse à Lusa António Manteigas, chefe de serviço de veterinária da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, desde 22 de Outubro já morreram no distrito de Castelo Branco 89 animais com sintomas da doença da Língua Azul.
"Há 98 explorações sob sequestro por haver sintomas suspeitos, que abrangem 34.797 animais", acrescenta. Em dez explorações já se conhecem os resultados de análises em curso e confirmam os sintomas.
Num dos casos, no concelho de Idanha-a-Nova, sabe-se que se trata do serótipo 1 da doença, cuja vacina está em preparação e o Ministério da Agricultura prevê que esteja disponível na próxima semana. "A vacina é uma medida preventiva que pode ajudar a travar o alastramento da doença", afirma António Manteigas.
O sequestro, que trava a negociação de animais adultos entre explorações, mas não impede a venda do leite ou de animais para matadouros, abrange quase um quinto dos 180 mil pequenos ruminantes de que os técnicos da Ovibeira cuidam nos concelho de Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, parte do Fundão e Idanha-a-Nova.
Idanha-a-Nova é o concelho onde há mais explorações sequestradas e onde inclusivamente o presidente de Câmara (PS) mantém uma pequena criação.
"Já não tenho tanto tempo para isto, mas o meu filho já me avisou que perdemos três animais com sintomas de Língua Azul", diz Álvaro Rocha. "Esta é uma actividade importante para muitas famílias no concelho e no sul do distrito, que contam com as vendas da altura de Natal e da Páscoa", sublinha o autarca, que espera do Ministério da Agricultura a sensibilidade para o contexto do sector.
Segundo Pedro Cardoso, um borrego saudável pode valer entre 35 a 66 euros na época de Natal e Páscoa. "Com a doença da Língua Azul é preciso contar com mais despesas em mão-de-obra, medicamentos e outros materiais", diz.
Na passada semana foi revelado que a doença da Língua Azul já tinha alastrado à região Centro com um foco confirmado no distrito de Castelo Branco, o primeiro fora do Alentejo e Algarve, as únicas regiões até então afectadas.
O vírus é transmitido por um mosquito que continua activo, porque "o tempo não tem ajudado". "Já devia fazer frio para o mosquito não ter actividade", frisa António Manteigas, que liga a situação às alterações climáticas.
O mesmo raciocínio é seguido por Pedro Cardoso.
"Com as alterações climáticas, há condições amenas ao longo de todo o ano que têm sido propícias para a propagação de certas doenças. É este o caso. Temos tido condições para propagação do mosquito. Esperemos que arrefeça", acrescenta.


Os produtores estão preocupados com a
Os produtores estão preocupados com a "língua azul"


Data de publicação: 2007-11-13 00:00:00
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