Municípios querem uma Serra da Estrela mais dinâmica

Pela primeira vez, os seis municípios da Serra da Estrela unem-se num projecto conjunto que visa dinamizar a Estrela. Só que, as acções, que ainda fazem parte de um estudo que estará pronto este mês, podem ver os financiamentos falharem pelo facto dos concelhos não pertencerem à mesma NUT

Recuperar espaços de montanha e dinamizar os produtos locais. São estes, entre outros, dois dos objectivos de seis municípios do Parque Natural da Serra da Estrela (Covilhã, Gouveia, Guarda, Manteigas, Seia e Celorico da Beira) que encomendaram um estudo para o efeito à Escola de Gestão do Porto, um trabalho coordenado pelo economista Daniel Bessa, que na passada semana esteve na Covilhã para uma reunião com os autarcas destes concelhos.
Este é um estudo estratégico de desenvolvimento da região, com uma forte aposta no turismo, que poderá estar concluído este mês de Maio, segundo o presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, que salienta que depois disso o mesmo será candidatado a apoios. Porém, o autarca covilhanense admite ter “reduzidas expectativas” em relação aos resultados, pois o Governo exige que os municípios se associem por NUTS III (divisão estatística do território), só que os seis concelhos pertencem a três diferentes (Beira Interior, Serra da Estrela e Cova da Beira). Por isso, a solução poderá passar pela constituição de uma empresa intermunicipal ou uma associação, de modo a que se possa candidatar a financiamento as acções que venham a ser definidas no documento final. “Não sabemos como o Governo vai acolher as nossas propostas, mas os municípios cumprem a sua obrigação: têm um documento sobre questões essenciais no território de montanha” afirma Carlos Pinto.
Para José Manuel Biscaia, presidente da Câmara de Manteigas, o objectivo é "transformar a realidade da Serra da Estrela em vários atractivos, sobretudo turísticos, para além de um ou outro produto específico, como a neve". Segundo Biscaia, "o estudo não pretende substituir entidades já existentes como o Pólo Turístico da Serra da Estrela (ex-Região de Turismo), mas antes complementá-las". A possibilidade de candidatar projectos do estudo estratégico ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) é também vista com alguma dificuldade pelo autarca manteiguense. "Avistam-se dificuldades, na medida em que o Governo entende que para execução do QREN devem existir entidades que coincidam com áreas das NUT III", explica.
Entre as acções em estudo está a recuperação integrada de caminhos florestais, sem quebras nos limites concelhios, a dinamização de produtos locais da área do Parque Natural e definição de portas de entrada na Serra nos diferentes municípios.
Álvaro Amaro, autarca de Gouveia, realça que o Parque Natural da Serra da Estrela é uma área institucionalizada “há mais de 20 anos” e que, pela primeira vez, “os seis municípios que o integram estão a dar passos importantes para que haja acções comuns e geridas de forma conjunta”, algo que não aconteceu nos últimos anos. “Podem ser pequenos investimentos, mas têm uma grande importância neste território” realça.