Voltar à Página da edicao n. 454 de 2008-10-07
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Homem Cardoso esteve na Covilhã para falar sobre as suas fotos

“A fotografia é feita primeiro na cabeça e depois na máquina”

O fotógrafo António Homem Cardoso foi o convidado do Troca de Palavras, uma tertúlia promovida regularmente pela Câmara da Covilhã, e que animou a noite com a sua história de vida e algumas peripécias.

> Susana Goncalves

Esta edição do Troca de Palavras contou com a presença do fotógrafo António Homem Cardoso, e desenrolou-se no auditório da Biblioteca Municipal, na passada quinta-feira. António Homem Cardoso, natural de São Pedro do Sul,  iniciou a sua intervenção traçando o percurso da sua vida, desde a infância até à idade adulta.
Da infância, referiu as suas origens aristocráticas da parte paterna, enquanto a mãe era professora primária.
António Homem Cardoso contou que um dos eventos que mais o marcou na infância foi a perda do pai, muito cedo, quando tinha apenas seis anos. Por causa disso, aos 10 anos vai viver com um tio paterno para Lisboa, onde, recorda, não foi muito feliz. Mais tarde, conhece o realizador Edie Constantine, que se encontrava em filmagens em Lisboa. António Cardoso participou como figurante no filme “Edie em Lisboa”, e foi desta forma que ganhou a sua primeira máquina fotográfica, uma Voigtlander Vito B,  oferecida pelo seu amigo realizador no final das gravações.
Esta primeira máquina fotográfica permitiu-lhe fazer os seus primeiros trabalhos. Inicialmente, os amigos começaram por lhe pedir que os fotografasse. Daí até decidir começar a cobrar pelas fotografias, foi um passo. “Descobri que podia ser vadio e ganhar algum dinheiro, viver das fotografias”, conta.
Já adolescente, cumpre o serviço militar, durante o qual tira o curso de operador de fotografia e cinema. Os tempos não eram assim tão diferentes: “Vivi num regime que não me deu nada e vivo num regime que me quer tirar tudo”, diz, precisando que esta afirmação não se refere a dinheiro mas sim à liberdade.
Retratou muitos políticos para campanhas eleitorais, realçando que “nunca fotografei o Álvaro Cunhal, porque ele nunca quis, e não fotografei o Cavaco Silva por opção”. Mantém esta posição perante a figura de Cavaco Silva por defender que a fotografia é “um acto puro, de amor”, uma questão de ética.
Em relação aos políticos, refere que estes encenam muito mais que os actores. Já enquanto fotógrafo confessa que "a minha grande paixão fotográfica foi sempre a Amália, uma mulher que eu amei intensamente", realçando a luz que os retratos de Amália emanam.
Define a fotogenia como "a capacidade de a pessoa se encontrar consigo mesma", pelo que cada indivíduo tem uma fotogenia diferente. Algumas pessoas adaptam-se perfeitamente à máquina, enquanto que outras não conseguem interagir com ela.
António Homem Cardoso ainda não fez a fotografia da sua vida, mas espera que um dia aconteça, mantendo o seu lema de vida de que aquilo que faz tem de fazer bem.
Recebeu o prémio "Elefante de Ouro" na 20ª Exposição de Manifesto Turístico em Itália, e duas distinções pela Office Internacional De La Vigne et Du Vin, referentes a trabalhos publicados em livros sobre o Dão e o Alentejo.


Homem Cardoso esteve na Covilhã para falar sobre as suas fotos
Homem Cardoso esteve na Covilhã para falar sobre as suas fotos


Data de publicação: 2008-10-07 00:02:00
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