Novas pistas sobre a vida de Pêro da Covilhã em livro

O mais recente livro de Deana Barroqueiro fala sobre a figura mais importante de toda a história da “cidade neve”. Pêro da Covilhã é “revisitado” por esta autora que apresenta agora novas provas sobre a vida deste espião português.

Acabou por ficar retido na Etiópia e as aventuras de uma vida ao serviço da Pátria Portuguesa chegaram até terras lusas pelas crónicas de um sacerdote. Pêro da Covilhã fugiu assim ao anonimato, ao esquecimento a que foram vetados, por razões políticas e interesse nacional, muitos dos espiões que prestavam serviço ao reino português.
Deana Barroqueiro, no seu mais recente livro, “O Espião de D. João II”, apresenta novas pistas que vêm trazer mais factos à vida de Pêro da Covilhã. A obra, apresentada no passado mês em Lisboa e que começa agora a chegar às livrarias fala “de um dos mais importantes personagens dos descobrimentos portugueses”.
Este romance histórico retrata as capacidades e os talentos “comparáveis aos de um James Bond e Indiana Jones, reunidos num só homem”, começa por dizer a autora. No seu blogue, Deana Barroqueiro, que tinha já escrito uma saga juvenil sobre o espião português, faz também referência à memória fotográfica, “a uma capacidade espantosa para aprender línguas, e a uma arte do disfarce onde assume as mais diversas identidades”. "A mestria no manejo de todas as armas do seu tempo e, sobretudo, uma imensa coragem e espírito de sacrifício, aliados ao culto cavaleiresco da mulher e do amor que o fascinavam, fazem dele uma personagem histórica única e inspiradora", descreve.
Toda a obra faz o relato possível dos seis anos de expedição de Pêro da Covilhã por três continentes. Viajem empreendida em 1487. Amores, aventura e conquistas fazem parte deste livro que conta também “com a tradução de um dialecto falado na região da Beira, de onde este emissário era natural”, acrescenta a autora.
No seu blogue, refere que o livro é o resultado de um vasto trabalho de investigação para o qual leu as crónicas que forma publicadas por sacerdotes entre os séculos 15 e 17. Apaixonada confessa da figura e dos feitos de Pêro da Covilhã, Deana Barroqueiro lembra também que “estes homens. Ligados ao avanço de Portugal, acabaram por cair no esquecimento e no anonimato”. A política de espionagem e o secretismo das suas missões levava a que as suas acções não fossem conhecidas pelo público, em geral.
No caso de Pêro da Covilhã, a autora lembra que este acabou retido na Etiópia e foi aí que se cruzou com o Padre Alvares, que viria a relatar as suas façanhas. Barroqueiro garante que os feitos de Pêro da Covilhã só começaram a ser descritos em crónicas, 30 depois de terem decorrido. Recriar “uma peregrinação fantástica de espionagem e também de conhecimento”, é o intuito principal deste livro, confessou a autora, na passada semana, em entrevista à Antena 1.
A imagem que este livro pretende traçar, de Pêro da Covilhã, “é aquela que se consegue percepcionar nas crónicas e nos documentos da época. É a imagem de um homem extremamente positivo, solar, um aventureiro que fala todas as línguas e tem a capacidade de captar as suas especificidades, e é também um mestre de disfarces”, acrescenta Deana Barroqueiro, vencedora do Prémio Máxima de Literatura e do Prémio Especial do Júri com o romance D. Sebastião e o Vidente.