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"Passaram 12 anos e ainda hoje vou à Covilhã e encontro pessoas que conheço"

Rafael Mangana em quarta, 10 de agosto de 2016

Oriundo de um meio pequeno, e com média para entrar em qualquer outra universidade do país, Pedro Moura Alves escolheu Bioquímica na UBI. Dinâmico desde sempre, depois de fazer Erasmus na Holanda - onde acabou por ficar mais tempo a fazer investigação -, entrou no programa GABBA, no Porto, passou por Harvard, concluíndo o Doutoramento no Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa. Está há sete anos no prestigiado Instituto Max Planck, em Berlim, onde é investigador. Paralelamente, fundou a ASPPA (Associação de Pós-Graduados Portugueses na Alemanha), que arrancou com três antigos alunos de Bioquímica da UBI, e que se dedica a integrar outros portugueses na Alemanha.

Pedro Moura Alves
Pedro Moura Alves

Urbi et Orbi: Porque escolheu Bioquímica e porquê na Covilhã?

Pedro Moura Alves: Bioquímica porque eu sempre quis fazer investigação, então achei que era um bom curso para seguir. Covilhã porque eu sou de uma localidade pequena e queria estudar numa localidade pequena, porque gosto do contacto com as pessoas, tanto locais como o espírito académico todo que envolve uma universidade mais pequena. Enquanto estive na UBI prezei muito por conhecer as pessoas da Covilhã, tanto  que volto à Covilhã todos os anos, pelo menos uma vez por ano, para o jantar de Natal.

 

U@O: É especial estudar na UBI?

PMA: Sem dúvida. A UBI, por ser uma universidade pequena, proporciona-te a nível social uma experiência muito mais especial, muito mais forte. Eu não conhecia só as pessoas do meu curso, eu conhecia se calhar pessoas de todos os cursos, e para mim é muito interessante, mesmo tendo passado doze anos de eu ter saído da UBI, ir à Covilhã e encontrar pessoas que ainda conheço. E isso faz-te sentir em casa. Para alguém que está fora, chegar ao nosso país, mesmo não sendo a cidade de onde eu vim, mas onde eu passei cinco anos, e sentir-me em casa, é muito bom. E não só as pessoas da cidade mas também as pessoas da universidade, porque nós temos um contacto muito mais direto com os professores que acabas por não ter se estiveres numa cidade grande.

 

U@O: Tendo em conta o seu percurso já vasto no estrangeiro, podemos dizer que o sucesso e a capacidade empreendedora dependem da pessoa, independentemente de se ter formado numa grande universidade ou numa universidade mais pequena, como a UBI?

PMA: Em Harvard, nos Estados Unidos, perguntei ao "big boss" qual o motivo para ele me ter escolhido para entrevista. Eu enviei um email, ele não me conhecia de lado nenhum, o meu currículo era de uma universidade pequena e ele disse: "tu quebraste a barreira que muitas pessoas não quebram, tu enviaste o email, tu contactaste", portanto a mensagem que eu deixo é que se alguém quiser alguma coisa, tente. O não é garantido, se não tentar é não de certeza, portanto tenta, está preparado para a rejeição, mas pelo menos tenta. E não acho que seja por ser de uma universidade pequena, porque por exemplo do meu ano de Bioquímica houve muita gente a sair e para universidades muito boas, Estados Unidos, Inglaterra ou França. Muitos colegas de Bioquímica estão em investigações de topo a nível mundial, por isso não é por ser da UBI que somos mais ou menos que os outros, somos todos iguais.

 

U@O: Está na Alemanha há sete anos. Pretende manter-se por aí ou pensa regressar a Portugal?

PMA: Berlim tem uma particularidade muito gira que é ser construída em bairros, e tu vives no teu bairro e acabas por conhecer muitas pessoas no teu bairro, vives numa cidade maior mas que no fundo parece ser feita por um conjunto de várias aldeias. A nível profissional está a chegar a altura de dar o meu próximo passo, que é aquele que eu quero, criar o meu próprio grupo de investigação, e está na altura de começar à procura de sítios. Gosto de uma universidade em Portugal, porque eu gosto muito de Portugal e se calhar já se está a chegar a altura de voltar ao meu país. Vou tentar provavelmente em alguns sítios, mas também estou à procura aqui na Alemanha ou na Europa.

 

U@O: Que conselho deixaria a um aluno de Bioquímica da UBI para vingar nesta área?

PMA: Se a pessoa tem um objetivo na vida, que lute por ele. Se quer ser investigador, e a vida de investigador não é fácil, temos que lidar todos os dias com a rejeição, porque 90 por cento dos dias temos resultados que não interessam, ou que não conseguimos explicar, ou que são opostos àquilo que nós pensamos, por isso lidar com a frustração é uma coisa importante, e tentar ver o mundo sempre por um prisma positivo. Outro conselho que eu dava era tentar sempre, pelo menos no início da carreira, contactar com pessoas que já estão no passo seguinte da carreira, todos passámos pelo mesmo. Eu sempre que vou à UBI deixo sempre o meu contacto para se algum aluno quiser contactar, e já houve alunos que contactaram a pedir opiniões, já fiz várias vezes Skype com alunos para tentar aconselhar e estou sempre disponível para isso.

 

Perfil:

Nome: Pedro Moura Alves

Naturalidade: Minde

Curso: Bioquímica

Ano de Entrada na UBI: 1999

Livro preferido: "A sombra do vento", de Carlos Ruiz Zafón

Filme preferido: “Braveheart"

Hobbies: Música, promoção de eventos, fotografia e viajar

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