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"A UBI preparou-me para saber um pouco de todas as áreas"

Rafael Mangana em quarta, 25 de janeiro de 2017

Oriundo de Cabo Verde, e por influência do irmão, veio estudar para a UBI em 2000 para frequentar o curso de Gestão. Com uma vasta experiência no estrangeiro, com passagens por Angola, Arábia Saudita ou Brasil, Gerson Cardoso trabalha atualmente no Dubai, tendo sempre por princípio a superação profissional e o aperfeiçoamento nas várias áreas dentro da Gestão.

Gerson Cardoso
Gerson Cardoso

Urbi et Orbi: Como surgiu a oportunidade de vir estudar para Portugal?

Gerson Cardoso: Em Cabo Verde temos um programa que apresenta oportunidade de estudar fora do país e sempre foi meu objectivo sair e formar-me fora e como meu irmão foi colocado um ano antes na UBI, quando chegou a minha vez ele disse-me que era uma boa opção e teria o apoio dele. Candidatei-me e fui aceite.

 

U@O: Em termos afetivos, já tinha o irmão na Covilhã. Mas como foi a adaptação ao clima?

GC: Foi fantástica. Até hoje digo que é a minha cidade e falo sempre da Covilhã e em levar amigos e famílias para a conhecerem. Tenho muitas saudades dessa cidade maravilhosa e de seu povo acolhedor e simpático. É um cidade que marca. Também tenho acompanhado o crescimento da cidade e é de louvar.

 

U@O: O que recorda daqueles tempos da UBI?

GC: A camaradagem. Era como se fossemos uma grande família, onde toda a gente conhece toda gente. Há frio, mas um frio agradável até certo ponto, boa comida e boas noitadas, é claro.

 

U@O: E o curso em si?

GC: O curso foi bom. Tive muito suporte por parte da maior parte dos professores e, apesar da universidade se situar no interior do país, nunca senti que estávamos atrás de estudantes de outras cidades, pelo contrário. Claro que hoje em dia muita coisa mudou com a evolução da tecnologia, mas na minha altura já estávamos bem à frente tecnologicamente. Quando fui para o mercado senti que a universidade não era muito conhecida em termos de reputação, mas no que se refere ao conhecimento, nunca me senti inferior, muito pelo contrário.

 

U@O: Como tem sido o seu percurso profissional desde que saiu da UBI até hoje?

GC: Eu tenho mudado muito de país e de área, mas isso deve-se ao meu objectivo que é ser empreendedor e não uma carreira como empregado. Então, quero apreender o máximo que posso em diferentes áreas. Saí de Portugal em 2010 através do programa Inovcontacto e vim para o Dubai onde trabalhei por 6 meses na Icep. No final do estágio recebi uma proposta aqui no Dubai mas a trabalhar para uma empresa portuguesa. Fui contratado para abrir uma filial de uma agência de Design aqui e por cá fiquei dois anos e cinco meses. Depois disso, por motivos pessoais, saí dessa empresa e fui trabalhar numa empresa de investimentos onde fiquei nove meses e durante esse período conheci um investidor angolano que me fez uma proposta para ir para Angola gerir umas empresas que ele tinha. Aceitei e mudei-me para Angola com a minha esposa na altura, mas por motivos de adaptação resolvemos terminar o contrato depois de quatro meses e mudar para o Brasil. Vivi dois anos em São Paulo, trabalhando como Business Development numa startup no sector de meios de pagamentos online. Entretanto, não estava satisfeito com o meu crescimento e resolvi aceitar uma proposta da empresa de Design onde trabalhava antes no Dubai para abrir uma nova filial em Riyadh (Arábia Saudita). Mudei-me para lá e por lá vivi sete meses até a empresa - a Slash - resolver fechar o escritório e me transferir para o Dubai, onde estou até hoje. Nesta empresa sou Managing Director Just for Business Card. Basicamente sou o primeiro contacto com o cliente, tento entender o pedido e, depois, juntamente com o CFO montamos a proposta que depois envio para o cliente. Posteriormente faço a negociação e se for aceite passo para a equipa interna executar e juntamente com o Project Manager interno faço a gestão do cliente até à entrega final.

 

U@O: Essa disponibilidade que sempre teve em deslocar-se pelo mundo pode ter feito a diferença em termos de sucesso profissional?

GC: Sem dúvida. Hoje em dia acho que é fundamental estares mais aberto à mudança e será cada vez mais.

 

U@O: E nesta área da Gestão, em concreto, o que pode fazer a diferença, além dessa capacidade de adaptação?

GC: A capacidade de trabalhar em diferentes áreas. Ou seja, não se pode dizer só financeiro e pronto. Acho que temos de saber um pouco de todas as áreas dentro da empresa, e acho que a UBI me preparou para isso, pois sabemos um pouco de cada área. Isso ajuda a ter capacidade de resposta nas situações diárias de uma empresa e a adaptares-te às mudanças do mercado, que cada vez são mais rápidas.

 

U@O: Tendo em conta a sua experiência, que conselhos pode deixar a um aluno que esteja neste momento a tirar Gestão na UBI, para vingar no mercado de trabalho?

GC: Acho que passa muito pelo seu objectivo pessoal, se é fazer uma carreira dentro de uma empresa ou ser empreendedor. Mas, no geral, aconselhava a ser o mais abrangente possível ao invés de se especializar, pelo menos no princípio. Acho que isso te dá mais opções para mais tarde, pois dificilmente hoje em dia se trabalha numa função para o resto da vida como antigamente. Hoje procuram-se colaboradores que resolvem problemas e não especialistas, pois tudo muda constantemente e a uma velocidade que se não formos capazes de mudar e adaptar somos deixados para trás. Ao seres mais abrangente, consegues mais facilmente ver "the big picture" e isso dá-te uma capacidade de resolver problemas que surgem todos os dias e a todas a horas. Outro conselho seria o de usar a tecnologia e tentar estar sempre atualizado com o que se passa no mundo, pois hoje o mercado é global. Eu, por exemplo, posso estar fisicamente no Dubai, mas trabalho com o mundo todo. 

 

Perfil:

Nome: Gerson Cardoso

Naturalidade: São Nicolau (Cabo Verde)

Curso: Gestão

Ano de Entrada na UBI: 2000

Livro preferido: “Mindset”, de Carol S. Dweck

Filme preferido: “Em busca da felicidade”

Hobbies: Viajar; ler; praticar desporto; ir ao cinema

GeoUrbi
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