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Dois interlocutores à espera do público para Goldoni

Gabriela Pereira em quarta, 16 de outubro de 2019

Fernando Paulouro Neves e Gil Salgueiro Nave conversam sobre o autor Carlo Goldoni na tarde de sábado, no Café do Teatro das Beiras.

Fernando Paulouro Neves e Gil Salgueiro Nave na conversa sobre Carlo Goldoni
Fernando Paulouro Neves e Gil Salgueiro Nave na conversa sobre Carlo Goldoni

O pretexto desta conversa foi a proximidade que o Teatro das Beiras tem com as obras de Carlo Goldoni. Um autor que suscita grande adesão no público de teatro, pois as suas peças “ficam sempre na memória do público”. Carlo Goldoni deu um contributo assinalável para “o espetáculo dentro do espetáculo, do teatro dentro do teatro”, modo como Fernando Paulouro Neves descreve a peça «A Bela Verdade», em exibição de 10 a 19 de outubro, no Teatro das Beiras.

Peças como “A Bela Verdade” só podem ser escritas por um autor que viva dentro do teatro, que conheça os bastidores, o processo de montar os cenários e os dramas dos atores. Goldoni escreve uma comédia dentro de uma comédia, e que permite transmitir o drama da escrita e as ideias que o autor tinha para o teatro”, sustentou Fernando Paulouro.

Gil Salgueiro Nave elucida-nos sobre os traços de inovação de Goldoni. O autor sentiu uma desilusão em relação àquilo que era o teatro tradicional, que dava pelo nome Commedia Dell’ Arte: um teatro estereotipado, repetitivo e à base do improviso. O que levou Goldoni a refletir sobre essa realidade, que, por sua vez o levou a operar à reforma do teatro italiano, escrevendo textos, comédias, dramas jocosos, mais intelectuais e artísticos. “Dando ao personagem um rosto humano, uma psicologia, explorando contradições da condição humana, textos que posteriormente seriam decorados e representados pelos atores, Goldoni tinha como grande referência o teatro francês, onde se verificava o personagem psicológico, de caracter”.

Gil Salgueiro Nave partilhou o texto da peça «A Bela Verdade» com o seu amigo Fernando Mora Ramos, encenador e especialista em Goldoni, que ficou fascinado com este trabalho. Trata-se, disse, de “um texto que estava adormecido e evidentemente contemporâneo”.

Carlo Goldoni é considerado um professor do teatro moderno, pela inovação que provoca uma piada fácil. Apesar de ter morrido na miséria, Goldoni ainda hoje, é o autor mais representado em Itália, pela sua perspicácia humana, escrita irónica e sem ser óbvio.

Fernando Paulouro Neves e Gil Salgueiro Nave foram buscar o título e tema da conversa ao próprio Goldoni, que afirma que os únicos livros que leu na vida e que não se arrependeu de ler foram sobre o Mundo e o Teatro.

GeoUrbi
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