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Leituras ferroviárias promovidas pela UBI

Francisco Nascimento em quarta, 25 de abril de 2018

A Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior ofereceu livros ao longo de duas viagens de comboio. A iniciativa pretendeu aproximar os passageiros da leitura, ao longo do Dia Mundial do Livro.

Leituras em Carris disponíveis para passageiros
Leituras em Carris disponíveis para passageiros

Ao primeiro olhar, existem poucas concordâncias entre livros e viagens de comboio, no entanto, há quem encontre pontos de convergência. São 7h30, o comboio que faz a ligação entre Covilhã e Lisboa, já se encontra na linha destinada à viagem. Entre abraços e despedidas, os passageiros presentes na estação ferroviária entram no comboio convictos de que se tratará de um trajeto como tantos outros, inúmeras vezes realizado. Contudo, ao entrarem no transporte, é anunciado que existem obras literárias na primeira carruagem, de forma a acompanhar os passageiros ao longo do percurso. Aqui inicia-se uma viagem diferente. Estamos a 23 de abril, e realiza-se o Dia Mundial do Livro. 

Ao longo do percurso até à capital portuguesa, vários passageiros curiosos deslocam-se até junto da cabina do maquinista, onde se encontram mais de meia centena de livros. “Ler Sobre Carris” é o nome da iniciativa promovida pela Biblioteca da Universidade da Beira Interior (UBI) em parceria com a CP. As obras foram oferta de autores, cidadãos comuns, da editora Alma Azul, sediada na vila de Alcains e também provenientes do ponto de troca de livros na Biblioteca Central da UBI.

Aos passageiros são oferecidas leituras várias para que usufruam de uma viagem mais agradável, e quem sabe até depois do comboio chegar ao seu destino. Quem não conseguir acabar a obra até ao fim do trajeto, e mesmo os que consigam, podem levar os livros para casa, ficando com uma recordação de uma atividade enriquecedora.

É pelo menos isso que pensa José Sebastião. Entrou na carruagem a partir do Fundão, e admite que se deviam realizar mais eventos do género, até porque “hoje em dia as pessoas não estão habituadas a ler, preferem estar agarradas às redes sociais”. José leva-nos até ao seu tempo de infância, para recordar as bibliotecas móveis que se deslocavam pelas aldeias e vilas, conta.

Também Migisan Duarte admite que as novas tecnologias tiraram espaço à leitura em papel. O próprio deixou de comprar livros no seu modelo original para começar a descarregar as suas obras em aplicações online. Proveniente do Brasil, Duarte continua a defender a leitura, embora reconheça que se deixou de conceder “tempo de qualidade” para apreender boas obras.

Sendo esta uma viagem longa, os passageiros começam a fechar os computadores, a olhar para a paisagem, tentando entreter-se com outras coisas. Habituado a este tipo de travessias, António Albuquerque louva a iniciativa, desafiando mesmo a CP a disponibilizar obras nos comboios, para que os passageiros possam usufruir de uma viagem mais aliciante. Admirador do escritor Eduardo Lourenço, vê uma ótima combinação entre livros e viagens de comboio, desde que na sua forma original, o papel, até porque a rede wi-fi dos comboios não costuma contribuir para o uso das novas tecnologias.

A viagem até Lisboa terminou às 11H15, contudo, o evento promovido pela UBI conta com mais um trajeto, desta feita, em sentido inverso. Um quarto de hora depois da uma da tarde, novo comboio parte da estação de Santa Apolónia com destino à Covilhã. Os passageiros são de novo acarinhados com um leque de obras disponíveis para leitura.  

Pela mão do seu pai, Joana Godinho dirige-se até ao local onde se encontram os livros disponibilizados pela biblioteca da UBI. Leitora assídua, justifica o afastamento das pessoas para com os livros, devido aos altos preços praticados por certas editoras. Segundo Joana, estas iniciativas “ajudam a que se consiga aceder a este tipo de cultura”, onde através de um livro “se consegue viajar”. Opta por uma obra de Fernando Noronha, recomendada pelo seu pai, e elogia a diversidade de autores apresentada pela biblioteca da universidade.

A iniciativa, segundo a UBI, inseriu-se no leque de atividades que as instituições de ensino superior devem desenvolver em articulação com o Plano Nacional de Leitura. Com o intuito de "chamar a atenção para a importância do livro como bem cultural”, o evento foi ao encontro dos propósitos da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, que visam o “desenvolvimento da literacia e consequente crescimento económico".

Embora muitos recursos concorram hoje em dia com o livro, a boa adesão ao evento deixa claro que as viagens de comboio se tornam mais agradáveis com as frases e palavras de obras literárias.

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