.


 

 

 

.
Actualmente, temos 19 500 licenciados sem emprego

 


 "No interior há mais trabalho"

Susana Marques foi estudante de Ciências da Comunicação na UBI até Março de 1998, altura em que começou a colaborar com a Rádio Jornal do Fundão (RJF), onde fez um estágio pelo Programa Agir, uma iniciativa do Instituto Português da Juventude (IPJ) financiada pela Secretaria de Estado da Juventude (SEJ). É natural da Maia, mas apaixonada pelo interior, onde pretende ficar a trabalhar. Neste momento está a aguardar a entrada em Estágio Profissional na Raia, uma revista mensal de Castelo Branco. Por enquanto colabora com a revista como correspondente da Covilhã e faz alguns programas na RJF. "Estou bastante satisfeita. Agora não trabalho em agenda. Selecciono livremente os assuntos que quero tratar, tanto na Raia como na RJF", salienta Susana Marques. É responsável pelos programas "Rota do Ócio", "A Máquina do Tempo" e um programa sobre as freguesias. "As pessoas têm a noção errada de que a Cova da Beira não é interessante. Mas aqui está tudo por fazer, é só tentar. No interior há mais trabalho que em Lisboa ou Porto", defende. Por esses motivos, nunca se interessou por oportunidades de emprego fora da região. Reconhece que o maior valor do jornalismo, apesar de não ser monetariamente aliciante, é conhecer as pessoas e aprender com elas e com a região. Como forma de incentivo defende: "Quando se tem valor, e não se tem dúvidas quanto à profissão que se escolheu, não há grandes hipóteses de falhar".

 

..

 "Região ganha com a UBI"

Luís Machiné terminou o curso de Gestão, também na UBI, em Setembro de 1998. Depois de uma experiência pouco satisfatória nos arredores de Lisboa, resolveu voltar à sua cidade universitária. Em Novembro, entrou num estágio na Antunes & Alçada, L.da, na Covilhã, ao abrigo do programa Rede do IEFP. Apesar de satisfeito, continuou atento a outras possibilidades de emprego na região: "Quando, em Abril, soube que o antigo gestor da Adega Cooperativa da Covilhã tinha saído, fiz uma autoproposta". Daí resultou um contrato de 6 meses, prolongado por um ano. Acredita que não teria tido a mesma oportunidade se tivesse ficado em Lisboa. E sublinha: "Se os empresários e instituições tiverem vontade, podem ganhar com a Universidade. Ainda que sem experiência, somos qualificados".


Licenciados sem emprego aumentam em 99
Ficar no Interior
pode ser solução

Segundo as estatísticas, os licenciados foram o único nível no qual se registou um aumento de desempregados em 99, subindo 44% em relação ao ano anterior. Números que levam os recém-licenciados da UBI a considerar cada vez mais a hipótese de permanecer no Interior, onde as possibilidades de encontrar colocação ainda superam as dos grandes centros. Mas na Covilhã os números não animam: em 99 registaram-se 3 604 pedidos, 127 ofertas e 89 colocações. O combate a esta situação passa pelos estágios profissionais e pela formação.

Os números ditam os factos: o desemprego entre licenciados subiu 44% em relação a 1998, situando-se nos 9.2%, segundo dados divulgados pela CGTP-Intersindical. Este organismo apresenta ainda um outro número: actualmente temos 19 500 licenciados sem emprego. Preocupante é sobretudo o facto de ser o único nível de instrução onde se registou aumento de desempregados em 99, facto revelado por um relatório do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
No IEFP da Covilhã, os dados relativos a Dezembro de 99 registam 127 ofertas de emprego, 3.604 pedidos e 89 colocações.
Um responsável desta instituição revelou ao Urbi que os cursos onde a procura de emprego é mais elevada são a Sociologia e as Ciências da Comunicação, embora não existam dados concretos que o demonstrem de forma positiva.

Trabalho precário atinge os mais jovens

O mesmo relatório revela que os jovens são as principais vítimas do trabalho precário, representando 37 por cento do total. Os contratos permanentes aumentaram apenas 1,7%, enquanto que os contratos não permanentes subiram 12,3%. Das formas de trabalho precárias, o sistema de prestação de serviços, mascarado de trabalho independente, registou o maior aumento, 17,1 por cento.
A Delegação Regional do Centro do IEFP revelou que o desemprego baixou 11,6% relativamente a 98. Segundo a mesma fonte, "o desenvolvimento económico favorável e um maior sucesso na actuação dos diversos centros de emprego, justificam este decréscimo". Os registos referem 25.286 ofertas de emprego e 16.464 trabalhadores colocados directamente pelo IEFP, contra 22.074 ofertas e 13.610 colocados em 1998.
As mulheres estão em pior situação. Na edição de janeiro de 2000 das estatísticas mensais do Mercado de Emprego do IEFP, na Região Centro havia 45.526 pedidos de emprego. Destes, 1.087 tinham qualificações de cursos médios ou bacharelatos, 739 dos quais eram mulheres. Licenciados foram 1.947, sendo 1.457 mulheres. Por fim dos 8 desempregados com Mestrado ou Doutoramento, 7 são mulheres.

Combate ao desemprego passa pela formação

O combate ao desemprego "tem sido uma preocupação fundamental". O IEFP apresenta algumas soluções, nomeadamente os estágios profissionais e os curso de formação. Os estágios abrangem não só os licenciados, como os bacharéis e as pessoas que tenham o 12º ano de escolaridade. A formação é uma forma de dar qualificação a pessoas com a escolaridade mínima ou que estejam desempregadas há muito tempo, aumentando as suas possibilidades num mercado cada vez mais competitivo. Estes cursos dão formação nas mais diversas áreas, havendo inclusivamente o curso de formação de formadores.
A vantagem desta solução é que não acarreta quaisquer gastos para os formandos, que ainda recebem uma pequena bolsa.

Ficar na região

Tanto o IEFP como o Gabinete de Estágios da UBI têm desempenhado um papel fundamental na fixação de recém-licenciados no Interior, sobretudo tendo em conta que o número de alunos que tenta conseguir colocação na região tem vindo a aumentar nos últimos anos.
Manuela Afonso, animadora da UNIVA e orientadora dos estágios do Centro de Estudos de Desenvolvimento Regional (CEDR), também conhecido como Centro de Estágios, refere que "cada vez mais os licenciados necessitam de ajuda na procura de emprego".
O CEDR trabalha na tentativa de estabelecer uma mediação entre as empresas e os licenciados. O seu trabalho regista em 99 algumas melhorias face ao ano anterior. Em 98 inscreveram-se 279 licenciados da UBI, surgiram 206 ofertas de emprego e foram colocados 75 alunos. Até ao fim de 1999, o número de inscritos chega aos 291, foram concentradas 293 ofertas, tendo sido colocados 83 licenciados. Os cursos que registam maior procura são a Gestão (101 alunos em 99) e as Ciências da Comunicação (36 inscritos).
Estes dados não são de forma alguma absolutos, porque nem toda a oferta e procura é registada e encaminhada pelo gabinete. Segundo Manuela Afonso "o número de colocados não representa a realidade, pois muitos alunos não comunicam contactos estabelecidos com outras empresas, e muitas vezes as empresas não contactam o nosso gabinete". A orientadora do Centro de Estágios refere ainda que "o nosso trabalho é encaminhar as duas partes, mas as empresas é que fazem a selecção. Muitas vezes perdemos o contacto com os alunos".
As ofertas de emprego que chegam ao Gabinete de Estágios englobam empregos permanentes, estágios e estágios profissionais, mas nem sempre significam que os licenciados fiquem colocados definitivamente na empresa.

Raquel Fragata






.

 Primeira Ubi  Covilhã  Região  em ORBita  Cultura  Desporto Agenda