II LIGA - Descida mais perto
É amanhã,
ou nunca!
O Sporting da Covilhã está
em espiral descendente, rumo ao último lugar da II Liga.
22ª JORNADA - SPORTING
DA COVILHÃ / DESP. CHAVES 2-4
Estádio Municipal
José Santos Pinto, 27-02-00
Árbitro: Paulo Baptista (Portalegre)
Auxiliares: André Cunha e Laurindo Cordeiro
4º Árbitro: Manuel Semedo
Sp. Covilhã: Augusto; Rui Morais, Piguita (Peixe,
20 m), João Carlos e Trindade (cap.); Adriano, Fernandez
e Miguel Vaz (Marco Rocha, 81 m); Romeu (Pisco, 32 m), Vítor
Firmino e Hélder Brandão
Treinador: António Jesus
Chaves: Carou; Alexandre (Gorka, 90 m), Simão,
Marco e Kasongo; Nuno Mendes; Vinagre, Vítor Pereira (Barbosa,
76 m) e Ricardo Lopes (cap.); Naddah (João, 68 m) e Rui
Lima
Treinador: Francisco Vital
Marcadores: Rui Lima (1, 43 e 80 m), Ricardo Lopes (48
m), João Carlos (78 m) e Hélder Brandão
(90 m)
Disciplina: cartão amarelo a Kasongo (5 m), Fernandez
(28 m), Ricardo Lopes (31 e 54 m), Naddah (42 m), Rui Morais
(49 m), Vítor Firmino (50 e 52) e Hélder Brandão
(69 m); cartão vermelho, por acumulação,
a Vítor Firmino (52 m) e Ricardo Lopes (54 m)
"A pior fase, em 29 anos, da minha
carreira desportiva". É assim que António
Jesus define o momento delicado que o Sporting da Covilhã
atravessa, quando faltam apenas 11 jogos para o final da temporada.
Com a derrota de domingo, 27 de Fevereiro, a turma serrana coloca-se
numa posição extremamente favorável à
descida de divisão. O treinador diz mesmo que, se no próximo
encontro, em Santa Maria de Lamas, a equipa pontuar, ainda é
possível sonhar. "Caso contrário, a despromoção,
praticamente, um dado adquirido", completa. Com o Esposende
a apenas dois pontos (15), o Moreirense com mais um (18) e a
Naval a fugir da linha de água a grande velocidade (23),
a análise não poderia ser mais correcta. Há,
agora, 33 pontos em disputa, perder torna-se, assim, absolutamente
proibido.
Jesus: "Não perco a motivação"
No final do encontro frente ao Desportivo
de Chaves, a amargura, dentro e fora das quatro linhas, era notória.
Muitos adeptos abandonaram o estádio ainda com o resultado
em 3-0 e na hora de recolher às cabinas choveram criticas
das bancadas.
"Existe de facto uma grande infelicidade da nossa parte,
mas também é preciso dizer que é complicado
para um treinador, que quer defender os seus jogadores, não
ter muitos argumentos para o fazer", desabafa António
Jesus. E completa: "Assumo toda e qualquer responsabilidade
nesta situação, mas também tenho que dizer
que esperava muito mais de dois ou três jogadores. Continuo
a ter a minha consciência tranquila, porque vejo a minha
equipa a querer andar para a frente. Mas sinto-me envergonhado,
pelo muito respeito que tenho pelo presidente deste clube, pela
direcção e pela massa associativa".
Jesus prefere não falar de nomes, no entanto, de uma coisa
tem a certeza: "Não perco a motivação".
Uma atitude que, diz, seria útil, não fosse só
ele a adoptar. "Sou o grande responsável pelo que
se está a passar porque, fui eu que escolhi os jogadores
que queria. Se calhar há alguns que rendiam mais noutras
circunstâncias classificativas, só que não
posso admitir que não corram, ou que actuem de forma desinteressada.
É uma falta de respeito, em particular, para com o presidente,
que, até à custa de sacrifícios pessoais,
tem garantido o pagamento de todos os ordenados", justifica.
A situação de tranquilidade financeira, continua,
deveria dar ânimo aos atletas.
E coloca a questão: "Porque é que têm
sempre de ser os treinadores a ter a dignidade de colocarem os
seus lugares em causa? Porque é que alguns jogadores não
têm a dignidade de dizer que não se sentem bem neste
clube, ou que não se dão com os ares da Serra,
e chegam junto da direcção e pedem para sair?".
Letargia fatal
Uma pergunta plausível, depois do
mau espectáculo na recepção ao Chaves. A
equipa esteve intranquila, desconcentrada e sem velocidade. Sobretudo
a meio campo, mas, também, a espaços, no sector
mais recuado.
As excepções, como já é hábito,
foram o capitão Trindade, Rui Morais, Fernandez, Miguel
Vaz, João Carlos e, desta feita, Adriano. Fernandez foi
o mais rematador e quase conseguia fazer renascer a esperança
na recuperação, quando, no lance que se segue ao
golo de João Carlos, envia a bola à trave de Carou.
Estavam decorridos, nessa altura, 80 minutos e o Covilhã
parecia acordar de uma letargia que, até então,
obrigara Augusto (de regresso à titularidade, devido a
castigo de Luciano) a ir ao fundo das malhas por três vezes.
Ao falhanço responde o Chaves com mais um golo. Um autêntico
"golpe de misericórdia", da autoria de Rui Lima.
O jogador flaviense fez o terceiro da sua conta pessoal, depois
de fintar quatro adversários, e "apagou" por
completo o entusiasmo de um segundo golo dos homens da casa,
que chega em cima dos 90. Eficácia total da parte da formação
visitante que, em meia dúzia de jogadas de perigo, acaba
por acertar quatro. Demérito absoluto para o onze serrano
que, apesar da maior posse de bola e de um domínio territorial,
não conseguiu, durante os 90 minutos, afastar o nervosismo
de entrar a perder (o Chaves inaugurou o marcador no primeiro
minuto).
Paulo Baptista, de Portalegre, efectuou trabalho regular, mas
esteve mal ao não assinalar uma grande penalidade sobre
Hélder Brandão, estavam decorridos 25 minutos da
etapa complementar.
Sérgio Felizardo
NC / Urbi et Orbi |