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Sem apoio da Câmara da Covilhã
Inauguração da Casa do Povo do Paul "recheada" de críticas

A colectividade passa, a partir de agora, a possuir mais um espaço de apoio. As obras, no entanto, ainda não estão pagas na totalidade

Durante a tarde do último sábado, 26 de Fevereiro, os paulenses saíram à rua para festejar a inauguração da nova sede da Casa do Povo da freguesia. O Grupo de Cantares desta associação, composto por idosos que reproduzem quadros vivos da realidade local, foi o principal dinamizador da animação cultural que alegrou a pacata vila.
O imóvel, que acolhe, a partir de agora, a nova sede foi doado, em avançado estado de degradação, pelo Lar de São José. A recuperação orçou quase 5500 contos, uma parte substancial desta verba, quatro mil, foi cedida pela Direcção Geral de Ordenamento do Território. O resto do montante foi conseguido, segundo os responsáveis da Associação, "graças ao trabalho e ao sacrifício da colectividade". No entanto, as despesas da obra não foram ainda pagas na sua totalidade. Por esta razão, o dia da festa também teve um sabor amargo. Durante a ocasião, os elementos da direcção da Casa não pouparam criticas ao actual executivo camarário da Covilhã, liderado por Carlos Pinto. "A Câmara investiu zero na Casa do Povo", assegura uma dirigente.
A juntar a isto, nenhum representante da maioria social-democrata que gere o município assistiu à cerimónia. "A Casa do Povo não tem nada a ver com política. É uma associação cultural", realça a direcção. A ausência foi interpretada pelos seus responsáveis como a confirmação que as duas instituições vivem de costas voltadas. Quem esteve presente foi o governador civil do distrito de Castelo Branco. Sampaio Lopes afirmou, durante a inauguração, que se sentiu "como peixe na água", depois de observar que esta colectividade do Paul, transformou ruínas e casas abandonadas em "espaços de uma utilidade extrema para a população".
Problemas financeiros
A Casa do Povo, fundada em 1977, para além do imóvel agora inaugurado, tem ao seu dispor uma área social especialmente rica: a Casa Museu, a Taberna Típica e a Escola de Artes e de Ateliers. Uma área que favorece o envolvimento, quase diário, de 200 pessoas que participam em múltiplas actividades. Só a Escola de Artes movimenta cerca de 80 crianças e jovens. "Não é uma escola fictícia", garante Leonor Narciso, presidente da associação. A actividade mais antiga da Casa do Povo é o seu Rancho Folclórico. Um guardião da cultura local que, ao longo da sua história, levou a cabo uma pesquisa minuciosa dos trajes e cantares tradicionais da região. "Um rancho que divulga a cultura a nível nacional e internacional", assim o classifica
As obras de reconstrução da casa que alberga a nova sede começaram em Março do último ano. Um património que se encontrava em ruínas e que, segundo os promotores da sua recuperação, também pretende fomentar uma vertente pedagógica: sensibilizar a população local para a necessidade de preservar a arte arquitectónica da freguesia. Mas este esforço ainda não terminou. A direcção da Casa do Povo já reafirmou a sua vontade em continuar o esforço de reabilitação de outras habitações. Os únicos obstáculos a este desejo são, alerta a presidente, os problemas financeiros que a instituição enfrenta. Se obtiver o apoio de algumas entidades, talvez "consiga fazer mais algumas recuperações". Sobre o assunto, especifica a falta de apoio dado pela Câmara Municipal da Covilhã. Leonor Narciso revela que, anteriormente, foram solicitados outros pedidos à autarquia para levar a efeito algumas actividades, mas também estes não conseguiram captar a atenção do executivo.

Auditório é a próxima batalha

No edifício inaugurado durante o último fim de semana, funciona no rés-do-chão, um salão de ensaios destinado a servir o Rancho Folclórico, o Grupo de Cantares e outras actividades da Casa do Povo, em particular, os grupos de Teatro e de Dança. O ensino desta disciplina vai em breve, segundo asseguram os seus responsáveis, fazer parte da Escola de Artes. No piso superior, uma sala de exposições e de convívio, mostra um pouco a riqueza histórico-cultural da Casa do Povo. Num anexo desta sala, funciona o gabinete administrativo da direcção. Ao lado, um pequeno passadiço, aloja o arquivo e todo o equipamento de apoio. Por último, o sótão alberga uma arrecadação para arrumar todo o material utilizado durante as actuações dos grupos.
A colectividade já apontou, para o futuro, a prioridade máxima com vista à consolidação das actividades que leva a cabo: a construção de um auditório. "Vamos lutar e solicitar a algumas entidades o apoio necessário", promete Leonor Narciso, deste modo, para concretizar um projecto que, por enquanto, apenas se encontra no papel. Um auditório, com capacidade para 200 pessoas, vai permitir que a população usufrua de um equipamento, necessário à realização de espectáculos, congressos e outras actividades. Um projecto que envolve vários milhares de contos.

Ricardo Guedes Pereira
NC / Urbi et Orbi






 
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