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             Resultado de um inquérito
            junto dos estudantes 
            Interioridade prejudica
            UBI 
 
            POR SUSANA FERREIRA 
             A
            interioridade tem um impacto negativo na Universidade da Beira
            Interior. Esta foi uma das conclusões retiradas de um
            inquérito realizado pelo Urbi junto dos alunos daquela
            academia. A grande maioria acredita que as faculdades do Litoral
            são beneficiadas pela sua localização. Os
            responsáveis pelas unidades de ensino da UBI discordam
            dos estudantes, mas também referem algumas dificuldades
            adicionais provocadas pela localização geográfica.
            A interioridade, afinal, tem custos. 
 
            Quem entra para a Universidade
            da Beira Interior traz na bagagem a intenção de
            tirar um curso superior. Tem esperança que o 'canudo'
            lhe possibilite a entrada no mercado de trabalho e um emprego
            que corresponda às suas expectativas. No entanto, a cidade
            onde se ergue a UBI, é uma localidade do interior. Num
            País onde as assimetrias regionais são evidentes,
            as regiões rurais acabam por ser as mais desfavorecidas. 
            Interioridade danosa 
            O Urbi @ Orbi quis saber se os
            ubianos se sentem afectados pela interioridade. Auscultamos um
            universo de 100 alunos, a quem fizemos uma série de perguntas,
            analisando depois as suas respostas.  
            A principal ideia que se retirou deste trabalho foi que os alunos
            da UBI estão convencidos de que a instituição
            é prejudicada pela sua localização geográfica.
            Cerca de 79 por cento dos inquiridos é inequívocamente
            desta opinião.  
            Uma percentagem ainda maior, 90 por cento, pensa que as universidades
            do litoral são favorecidas pela sua localização
            geográfica. Questionados àcerca dos aspectos em
            que se verificam maiores desigualdades, apontam o nível
            de divulgação (68%), logo seguido pelo prestígio
            (63%). Cerca de metade afirma que os docentes do litoral têm
            mais qualidade que os que leccionam no Interior. As infraestruturas
            e os orçamentos disponibilizados são também
            mencionados. Apesar de não serem mencionadas no nosso
            inquérito, alguns inquiridos acrescentaram ainda as melhores
            acessibilidades, a qualidade de vida e a facilidade de emprego
            para os alunos que frequentam os estabelecimentos de ensino dos
            grandes centros. 
            Em relação a esta questão, perguntamos se
            as pessoas abordadas pensavam que iam ter mais dificuldade em
            encontrar emprego por terem estudado na UBI. Neste caso, a maioria
            respondeu que não. Apenas 31 por cento revelaram alguma
            preocupação com a sua colocação no
            final da licenciatura. 
            A título de curiosidade, quisemos saber se os actuais
            alunos da UBI já tinha ouvido falar da instituição
            antes da candidatura. Descobrimos que cerca de 36 por cento não
            sabia da existência desta universidade. A maioria ficou
            a conhecê-la através do manual de candidatura ou,
            na melhor das hipóteses, por um amigo. Num País
            em que o Ensino Superior se distribui por um pequeno número
            de estabelecimentos, esta constatação poderá
            ser um bom tema de reflexão. 
            Professores discordam 
            O Urbi quis saber o que pensavam
            os responsáveis pelos diferentes departamentos da universidade
            àcerca dos resultados deste inquérito. Falamos
            com Donizete Rodrigues, que desdramatizou os resultados do inquérito.
 
            O Presidente do Concelho Directivo da Unidade de Ciências
            Sociais e Humanas, "não colocaria todas as unidades
            no mesmo saco". 
            Tranquiliza assim os discentes dos cursos de Gestão, Economia,
            Sociologia e Ciências da Comunicação. "Esses
            alunos - sublinha - não vão ter problemas. Pela
            minha experiência, eles têm uma posição
            privilegiada em relação a outros cursos e não
            vão ter dificuldade em arranjar emprego".  
            Em relação ao impacto negativo da interioridade
            nestes cursos, Donizete Rodrigues garante que a maior dificuldade
            se prende com as acessibilidades. Por outro lado, na sua opinião,
            os professores da sua unidade são de qualidade: "Os
            nossos docentes colaboram com outras unidades e têm o reconhecimento
            da comunidade académica". 
            O responsável pelas Ciências Sociais e Humanas reconhece
            que as universidades do litoral são favorecidas porque
            os grandes centros oferecem outra qualidade de vida. No entanto,
            para o professor essa vantagem acaba por ser relativa. "Hoje,
            - sublinha - com o avanço das tecnologias e as facilidades
            trazidas pela internet, a localização geográfica
            deixa de ser tão relevante". 
            Os custos da interioridade 
            "A interioridade tem custos".
            Esta é a opinião defendida pelo director da Unidade
            de Engenharia. A Universidade da Beira Interior tem despesas
            que não se verificam no litoral. Luís Carrilho
            Gonçalves dá o exemplo das chamadas interurbanas,
            aquecimento central, por ser uma região fria, e das deslocações.
            "Qualquer zona periférica, - explica - se não
            tiver bons meios de ligação, é penalizada." 
            Para o professor, o Estado deve "detectar essas fragilidades
            e promover a equidade". Reconhece que a política
            central tem feito um esforço para inverter esta situação
            através dos programas comunitários.  
            Em relação às saídas profissionais
            dos licenciados da unidade de Engenharias, os maiores problemas
            prendem-se com os postos de trabalho na região da Covilhã.
            A nível nacional, são muitos os pedidos que a universidade
            não consegue satisfazer. "Não temos candidatos
            para as encomendas. Os engenheiros da UBI são muito bem
            aceites no mercado das engenharias", finaliza. 
            Tentamos falar com o responsável pelas Ciências
            Exactas mas até ao fecho desta edição tal
            não foi possível localizá-lo. 
            Resultados
            do Inquérito  |