Clique aqui para regressar à Primeira Página

      

Editorial        



 

 
António Fidalgo
 

A economia da atenção

   

   A abundância de informação que literalmente nos assalta no dia a dia sob as mais diversas formas, notícias, formação, divertimento, publicidade, relações públicas, é de tal ordem que muita dessa informação não é, nem pode ser, apreendida. De certo modo é como a água que já não penetra num solo encharcado, mas pura e simplesmente escorre para os rios. A capacidade de atenção do ser humano é limitada, limitação tanto mais patente quanto se procura hoje em dia captar essa atenção a todo o custo. A luta sem tréguas pelas audiências, as estratégias agressivas do marketing, com recurso crescente a efeitos de choque, em particular violência e sexo, é prova bastante do valor da atenção de cada indivíduo.
A atenção é um bem escasso. Ninguém pode prestar atenção a mil coisas ao mesmo tempo. Como é escassa a atenção tem de ser administrada. E é aqui que nasce a economia da atenção. No momento em que damos atenção a alguém, o escutamos, nos preocupamos com as suas coisas, estamos a dar-lhe algo que nesse momento não pode ser dado a outro. Ora é essa atenção escassa que hoje se tornou o ouro da sociedade da informação, da publicidade e do marketing. Quem tem a atenção das massas, dos grandes públicos, é uma estrela, uma personalidade pública, que capitaliza em quantidades enormes as pequenas porções de atenção que milhares ou milhões de espectadores lhe prestam num ou noutro momento das suas vidas.
A economia da atenção tem sido objecto crescente de investigadores da sociedade de informação e da nova economia, de que destaco Georg Franck. As publicações científicas, o movimento de open source são bons exemplos de uma economia em que a moeda não é o dinheiro, mas sim a atenção. O que se faz não é por dinheiro, mas sim pelo reconhecimento dos outros, pela sua atenção.

 [ PRIMEIRA PÁGINA ]