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Tortosendo e Canhoso
Zonas industriais alimentam expansão económica da Covilhã

POR RICARDO GUEDES PEREIRA*

A cidade serrana está a desenvolver um esforço sem precedentes para se afirmar como um importante pólo económico do Interior do País. A criação de áreas empresariais de qualidade, capazes de atrair investimento nacional e estrangeiro, garantem a viabilidade daquele objectivo.

A inclusão da Zona Industrial do Tortosendo (ZIT) num pacote de 24 parques industriais seleccionados pelo ICEP- Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal como primeira opção de investimento estrangeiro em Portugal, é considerada pelos promotores da ZIT, industriais da região e associação empresarial local, como a confirmação de que o empreendimento já desempenha, neste momento, uma posição de charneira no reforço do desenvolvimento regional a médio e longo prazo.
A primeira fase deste espaço, a inaugurar no próximo dia 9, sábado, ainda sem confirmação pelo ministro das Finanças e Economia, Pina Moura, integra a estratégia delineada pela Câmara Municipal da Covilhã de criar áreas empresariais capazes de garantirem a continuidade da tradição industrial do concelho, apondo à disposição dos empresários terrenos e infra-estruturas de qualidade. A este plano também se junta a Zona Industrial do Canhoso (ZIC), situado a dois quilómetros de distância do centro da cidade serrana.
Prestes a arrancar a segunda etapa do emprendimento, a primeira fase da ZIT contempla uma área de 300 mil metros quadrados, onde já estão instaladas ou se vão fixar cerca de 30 empresas de diversos sectores de actividade, nomeadamente lanificios, vestuário, construção civil, metalomecãnica, entre outros.
Entretanto, a Câmara Municipal também já adquiriu mais 100 hectares de terreno para uma segunda fase, cujo projecto se encontra em fase de conclusão. A expansão da ZIT significa que aos 400 mil contos de investimento na execução de infra-estruturas numa primeira fase, somam-se agora mais 700 mil. Com vista a garantir a sustentabilidade financeira do processo e evitar qualquer retrocesso, a autarquia prepara, neste momento, projectos de candidatura à obtenção de financiamento do III Quadro Comunitário de Apoio (QCA), para além de outras fontes de ajuda. Neste sentido, a edilidade e o Ministério do Palneamento também celebraram em Dezembro último, no âmbito do programa Proestrela, um contrato programa de finaciamento parcial da ZIT. O valor do acordo ascende a 300 mil contos, 50 por cento dos quais são comparticipados pela administração central, através do Ministério de Elisa Ferreira. Outra cautela, prende-se com o rigoroso processo de selecção de empresas, que integram as duas zonas industriais do concelho, levado a cabo pela autarquia. A capacidade de criação de novos empregos, a solubilidade financeira dos empreendimentos a instalar e a credibilidade dos seus promotores foram algumas directivas tidas em conta.
Assiste-se agora à acelaração do processo de instalação de novas empresas que ocupam os lotes, devidamente infra-estruturados, que a autarquia alienou. Obedecendo aos padrões de inovação mais recentes e servida pela Variante à Covilhã e pelo Eixo TCT, a ZIT é servido pela rede de gás natural, água, saneamento básico, electricidade, iluminação pública e arruamentos. Acresce a isto, a construção de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), obra já adjudicada, que garante o tratamento adequado dos efluentes de todas as empresas, com excepção daquelas que são obrigadas por lei a disporem de ETAR's próprias de primeiro tratamento.
Todos os lotes disponíveis na primeira fase do empreendimento foram rapidamente adquiridos. A elevada procura, que também se mantém na segunda fase, leva a autarquia a equacionar a execução de uma terceira fase de expansão. Esta nova ampliação já está a ser projectada no estudo do plano de urbanização do concelho, como revela João Esgalhado, vereador responsável pelo pelouro das Zonas Industriais do municipio. No final, quando tudo estiver concluído, calcula-se que só na ZIT sejam criados quase uma dezena de milhar de postos de trabalho directos.

Embrião de novas indústrias

A decisão de erguer o Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã (PCTC) nos limites da ZIT, cujo capital social ronda 300 mil contos, é outra mais-valia que pretende assegurar a fixação de recursos humanos qualificados de apoio à implantação de investimentos inovadores e de tecnologia avançada. A edilidade serrana, a Universidade da Beira Interior (UBI), a Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP) e o NERCAB são apenas algumas entidades que concordaram em integrar este "fermento de novas indústrias".
O futuro PCTC será, ao mesmo tempo, um embrião do desenvolvimento de novas empresas e um pólo de investigação de dimensão tecnológica avançada que permitirá reforçar a competitividade daquelas empresas. Integrada na segunda fase da ZIT e ocupando uma área de 10 hectares, o Parque vai dispor de uma estrutura fisica que acolhe as áreas administrativas e equipamentos de apoio e um espaço adicional no qual se prevê a construção de pequenos módulos onde serão instalados os embriões das micro-empresas até à sua estabilização. Atingida a sua maturação, são transferidas para uma localização definitiva nos limitrofes interior da ZIT. O investimento privilegiar as áreas ligadas às novas tecnologias da comunicação, biologia, investigação bioquimica e sector farmaceutico.
Para conduzir o processo de criação e gestão do Parque de Ciência e Tecnologia, será formada uma sociedade composta por capitais mistos, públicos e privados, na qual a Câmara Municipal terá "uma posição muito forte", e que integra também entidades bancárias, seguradoras e outros investidores. A Caixa Geral de Depósitos é a instituição financeira ligada ao projecto.
Concluida a etapa de constituição da sociedade gestora do parque, será formado um conselho de administração que se encarrega de obter os fundos necessários para a edificação de infra-estruturas e a contratação de recursos humanos necessários ao seu desenvolvimento. Por enquanto, desconhece-se a data em que tudo estará concluido.

Mais participação empresarial

Cabe à Câmara Municipal da Covilhã liderar o processo de criação e gestão das Zonas Industriais do Tortosendo e Canhoso. No entanto, fonte da autarquia, disse ao NC, que "se a Câmara Municipal entender que existem mais valias para a Zona Industrial é obvio que não terá qualquer objecção no estabelecimento de parcerias com associações comerciais e industriais da região, UBI e outras entidades. Tal como está a ser feito com o Parque Tecnológico".
Esta opinião vai ao encontro do desejo manifestado pela Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP), na voz do seu vice-presidente. Sobre esta matéria, Miguel Bernardo considera "determinante" o papel da autarquia, sendo "de realçar o esforço financeiro e a determinação na sua criação". Todavia, a AECBP sugere que uma das suas próximas preocupações passará por propor "um mecanismo de gestão participada pelos empresários das infra-estruturas disponíveis". Neste sentido, e por "esta não ser uma vocação natural da autarquia", propõe que os empresários instalados naqueles espaços "conhecedores das carências e necessidadeas a satisfazer, serão capazes de dar o seu contributo e experiencia empresarial na perspectiva da gestão racional e equibilbrada de custos e proveitos". Por esta razão, o vice-presidente adianta que a sua Associação encontra-se "disponível" para fornecer "informação, aproximação e organização dos empresários e os modelos que vierem a ser propostos".

*NC / Urbi et Orbi

 

 

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