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Obras embargadas no Pelourinho
IPPAR e autarquia
tentam resolver impasse

POR RICARDO GUEDES PEREIRA*

Depois de dialogarem, as duas instituições desdramatizam a situação. A Câmara Municipal já contratou um arqueólogo para ser o responsável pelas escavações.

Os presidentes do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), Luís Calado, e da Câmara Municipal da Covilhã, Carlos Pinto, falaram na última semana ao telefone na tentativa de encontrarem uma solução que resolva o impasse das obras de construção do silo-auto no Pelourinho e a sua requalificação à superfície.
A decisão de embargar os trabalhos foi determinada pela Direcção Geral do IPPAR e autorizada pelo ministro da Cultura, José Sasportes. O incumprimento de alguns preceitos legais sobre a defesa do património histórico estiveram na base da decisão, nomeadamente a não entrega, por parte da autarquia serrana, do relatório das escavações arqueológicas prévias e do projecto definitivo.
Neste momento, volvida mais de uma semana das obras estarem suspensas, IPPAR e Câmara desdramatizam a situação afirmando que tudo não passou de um "mal-entendido". Depois dos "esclarecimentos adequados" que o edil da Covilhã prestou a Luís Calado, o município já avançou com a contratação de um arqueólogo que será o futuro responsável pelas escavações na zona. Como sinal de boa vontade, também o IPPAR colocou os seus serviços técnicos à disposição para acompanharem os trabalhos que é necessário realizar no terreno. Uma proposta que cabe ao município aceitar.
Agora, Luís Calado aguarda que o executivo municipal promova a elaboração de estudos de estabilidade da igreja e da salvaguarda do potencial material arqueológico. Este responsável revela que o evoluir da situação está, neste momento, a ser acompanhado pela Direcção Regional de Coimbra do IPPAR.
Por outro lado, o vice-presidente da autarquia, Alçada Rosa, afirma que o seu executivo não foi apanhado de surpresa com aquela decisão por se tratar "de processos complicados, delicados e respeitáveis que se referem à defesa do património". Escusando-se a adiantar mais pormenores, revela que "os estudos foram feitos, no entanto, talvez nem todos aqueles que hoje se consideram necessários". O autarca mostra-se confiante que as obras recomecem o mais cedo possível.
"A bola está do lado da Câmara", resume o presidente do Instituto Português do Património Arquitectónico. "O problema", acrescenta, "é que se partiu do princípio que no local não havia nada". Em declarações ao NC, Luís Calado recorda ainda que, antes da decisão de embargar a intervenção no Pelourinho, a Direcção Regional de Coimbra tentou por várias vezes contactar os serviços técnicos da Câmara Municipal da Covilhã. A única resposta que obteve foi o "silêncio".

"Paragem comprova falta de planeamento"

Num comunicado distribuído à comunicação social, a Comissão Política Concelhia do Partido Socialista da Covilhã mostra-se apreensiva com a interrupção das obras no Pelourinho.
"A sua paragem comprova que a falta de planeamento, a pressa desmesurada e a sofreguidão na caça ao voto originam erros e omissões graves que se traduzem em situações incómodas e prejudiciais para as populações", afirma. O conteúdo do documento enumera ainda as razões que, no seu entender, obrigaram ao embargo das obras do Pelourinho, na terça-feira, 29 de Agosto.
Definindo aquela intervenção como as "novas obras de Santa Engrácia", os socialistas da Covilhã concluem que a "Câmara do PSD mexe no coração da cidade como se fosse um quintal qualquer".

*NC / Urbi et Orbi

 

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