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Editorial        



 
António Fidalgo

O drama da falta de alunos

As instituições de ensino superior vivem o drama da falta de alunos. Todos os anos as vagas aumentam, e todos os anos os candidatos diminuem. O resultado são as vagas por preencher. E o cenário vai agravar-se ainda mais nos próximos anos já que os números da população escolar nos ensinos básico e secundário têm baixado dramaticamente. Para as universidades portuguesas da periferia, como os Açores, Vila Real ou Covilhã, o drama é ainda maior. Mesmo os jovens do ensino secundário das respectivas áreas geográficas sonham em demandar as universidades e as grandes cidades do litoral.

Que fazer com cursos (em que foram investidos centenas de milhares ou mesmo milhões de contos em formação de professores e em equipamentos!) que ano após ano não conseguem captar o número considerado mínimo de alunos para funcionar? Repetir o fenómeno de turmas de um aluno só, como acontece em escolas primárias de algumas aldeias? Impossível, os cursos têm múltiplas cadeiras e cada uma leccionada por seu professor.

Duas soluções, não alternativas, mas complementares, se oferecem. Por um lado melhorar as condições de estudo nas universidades da periferia. Tem de haver uma discriminação positiva por parte do Governo no que respeita a estas universidades que tanto têm contribuído para um desenvolvimento mais equilibrado do todo nacional. O orçamento das universidades não pode depender apenas do número de estudantes que conseguem captar, antes tem também de considerar a investigação feita e o seu papel no desenvolvimento regional. A acrescentar a este factor externo, tem de internamente haver um esforço ainda mais acentuado por parte das novas universidades para melhorar a investigação e o ensino que fazem. Melhorar a investigação na medida em que é ela que dá o nome, a fama e consequente proveito, e melhorar o ensino mediante uma relação mais personalizada entre professores e alunos.

O pior que pode acontecer às novas universidades será qualquer tentativa de baixar o nível de exigência. Pelo contrário, só a qualidade será o apelo certo e duradouro a estudantes de todo o território nacional. O seguro de vida de uma universidade está apenas na qualidade dos seus professores e alunos.

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