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             Praxe na UBI 
            Tradição
            já não é o que era 
 
            POR MARISA MIRANDA 
 
            Em Outubro, com o início
            do ano lectivo nas universidades, é também tempo
            de tradições académicas. Para fiscalizar
            e regulamentar, o Conselho de Veteranos da UBI propôs uma
            alteração ao actual código de praxe. 
            Os olhos são de quem não
            dormiu nada e no rosto traz a imagem do cansaço, A noite
            foi de praxe. Celine Martins, 18 anos, aluna do primeiro ano
            de Ciências da Comunicação conta-nos o seu
            primeiro dia na UBI. 
            De malas aviadas parte de Viana do Castelo para a Covilhã.
            Traz na bagagem um misto de alegria por ter entrado na universidade
            e o receio das praxes. No Domingo, dia 1 de Outubro, os engenheiros
            e veteranos não perderam tempo. Quiseram logo travar conhecimento
            com a recém-chegada. Nas palavras cansadas de Celine,
            foi "uma praxe levezinha, mas já passei por praxes
            pouco agradáveis". 
            Os gritos que se ouvem pelos corredores e as caras pintadas anunciam
            que os caloiros chegaram.  
            A tradição já não é o que
            era. "A praxe era alegria, ir beber uns copos, acompanhar
            os veteranos, tomar conhecimento de todo o tipo de situações
            fosse ao nível dos serviços académicos,
            dos professores ou da AAUBI", relembra com um certo saudosismo
            Maria Emília Baltazar, há 12 anos na Ubi. Para
            esta aluna de Engenharia Aeronautica "de todas as pessoas
            que me praxaram nunca ninguém me bateu, não foi
            necessário. Eu adorei ser praxada!".  
            "As tradições académicas são
            importantes, são a identidade de uma academia." A
            frase é de Jorge Jacinto, presidente da associação
            académica da Universidade da Beira Interior, que gostaria
            de "ver as tradições académicas regulamentadas
            de uma forma responsável e que as pessoas fossem responsabilizadas
            por aquilo que fazem de bom ou de mau". 
            Proposta de alteração
            do código de praxe 
            O primeiro código de praxe
            da UBI foi editado em 6 de Dezembro de 1990. Em Outubro de 1999,
            no Conselho de Veteranos, foi criada uma comissão para
            a revisão do mesmo, constituída por Maria Emília
            Baltazar, Graça Maria Barata, Pedro Albuquerque, Fátima
            Reis e Amilcar Pinto. Elaborou-se uma proposta de alteração
            ao código de praxe que foi apresentada na Assembleia Geral
            de Alunos no passado dia 12 de Outubro. 
            Esta proposta procura transmitir a todo o estudante as regras
            da praxe, o porquê das suas tradições e como
            foram geradas ao longo do tempo. 
            Para Emília Baltazar esta proposta "aparece pelo
            facto do código de praxe que está em vigor ser
            omisso na grande maioria das situações, nomeadamente
            no que diz respeito às sanções". A
            proposta está aberta a sugestões dos alunos para
            que se torne ainda mais rica, acrescenta. 
            Uma das novidades consiste no facto de nesta proposta de alteração
            estr salvaguardada a posição das pessoas que se
            declaram anti-praxe. 
            "Neste momento, utilizam-se os caloiros como os animaizinhos
            que vamos trucidar porque já nos trucidaram a nós.
            Perdeu-se o vínculo à praxe, já não
            se sabe praxar" disse a veterana de 12 matrículas. 
            Caloiro sofre agressão
            física 
            A noite de 16 de Outubro foi
            marcada pela realização de um tribunal de praxe.
            Nuno Ortiga, aluno de 3 matrículas do curso de Gestão,
            foi constituído como réu por agredir com um pontapé
            um caloiro de Economia. 
            Ana Sofia Lemos aluna de 4 matrículas do curso de Ciências
            da Comunicação conta como tudo aconteceu. "No
            dia 8 de Outubro por volta das 00:30, no piso superior da central
            de camionagem aguardavam pelos caloiros um grupo de doutores
            e veteranos. O réu dirigiu-se ao caloiro persuadiu-o para
            se juntar aos caloiros já convocados. Após uma
            troca de palavras menos agradáveis o caloiro tentou afastar-se
            e o doutor agrediu-o com um pontapé que o atingiu no rabo
            e parte da mochila". 
            A sanção aplicada pelo tribunal foi o banimento
            da praxe até Dezembro de 2001, sendo esta decisão
            irrevogável e sem apelo. 
            Sofia conta ainda que "o réu considerou esta decisão
            injusta alegando que aquela acção deixou de ser
            praxe para se tornar uma questão entre homens".   |