Doces, compotas, postais de
natal, cabazes, rifas, quadros e objectos decorativos foram alguns
dos presentes fabricados por crianças das escolas da Covilhã.
No final, reuniu-se a obra na exposição "Covilhã
e Laleia estão de mãos dadas por Timor", inaugurada
na passada sexta-feira, 15 de Dezembro. A iniciativa partiu
da Associação dos Comerciantes, que realizou uma
festa de Natal para cerca de mil crianças, onde não
faltaram palhaços, teatro, música e o esperado
Pai Natal com os presentes. As crianças aderiram com grande
entusiasmo a este projecto, desejando que "os meninos de
Timor tenham muitas escolas, paz, alegria e felicidade",
votos expressos por Andreia Afonso, 7 anos.
A festa prolongou-se pela noite for a, convidando os pais a assistir
a um espectáculo onde não faltou a tradição
timorense.
Um projecto objectivo
Em 1999, a professora Leonor
Rosa da ME2 Pêro da Covilhã conheceu na Noruega
Luís Ximenes Corte-Real, representante do CNRT em Oslo,
que a convidou a participar numa Conferência de Protecção
de Mulheres Timorenses. Aqui, contactou com diversas personalidades,
entre as quais Zenilda Gusmão, filha de Xanana Gusmão,
a juíza brasileira Vera Duarte e o maestro Luís
Cipriano.
Nessa conferência foram discutidos problemas relacionados
com a violação dos direitos das mulheres pelos
indonésios, descrevendo "horrores" como violação
e tortura física e psicológica, conforme relata
a professora Leonor Rosa.
Em Junho desse mesmo ano, Zenilda Gusmão e Luís
Corte-Real visitaram as escolas covilhanenses e inauguraram simbolicamente
uma rua intitulada "Timor". Passado um mês, formou-se
a associação, destinada a angariar fundos para
Laleia, a vila timorense onde nasceu o líder Xanana Gusmão
e onde se deu o primeiro massacre pelos indonésios.
"As pessoas estão fartas de dar dinheiro de que não
sabem qual vai ser o destino". Foi com o levantamento deste
problema que, segundo Leonor Rosa, se impôs a necessidade
de criar um projecto "objectivo, concreto, preciso".
Dinheiro seguro
Isabel Fael, Leonor Rosa e
Miguel Bernardo coordenaram o projecto de geminação,
baseados num levantamento das necessidades reais da vila timorense.
Alguns empresários covilhanenses prometeram estágios
para profissionalizar timorenses em diversos sectores de produção
como, por exemplo, o ramo automóvel. Outros ofereceram
alguns bens, como é o caso da empresa Afonso Gomes, que
disponibilizou 600 fardas para crianças.
Simultaneamente, foi aberta uma conta no Banco Espírito
Santo (BES), Conta solidariedade Covilhã-Laleia a que
não podem ser feitos quaisquer movimentos e cujo propósito
se cinge ao pagamento das empresas que são seleccionadas
para construir o que for preciso em Laleia. Segundo Isabel Fael,
este método é "uma forma de não haver
desvios nem por nós, nem em Laleia".
|