Castelo
Novo, aldeia situada a 15 quilómetros da cidade do Fundão,
classificada há cerca de dez anos como Aldeia Histórica,
vive ainda os festejos natalícios "como nos tempos
passados". Apesar de "já se notar alguma mistura
de outras zonas", as principais actividades e costumes "ainda
se mantêm", garante Bárbara Monteiro, técnica
de turismo do Posto local.
O Madeiro é a tradição mais antiga e a que
move mais população ao Pelourinho. No fim da Missa
do Galo, que se realiza na noite de Natal, todos acorrem ao centro
da Aldeia onde se acendem gigantescas raízes de árvores
que se mantém até Janeiro. Várias são
as conversas e os petiscos que rodeiam a fogueira. Depois da
consoada, do "bacalhau com todos" e das filhózes
de azeite, os enchidos frescos, resultantes da tradicional matança
do porco nesta altura do ano, dão continuidade à
ementa. Nas brasas do Madeiro, os enchidos são assados
e acompanhados pelo vinho novo, que escorre, pela primeira vez,
dos pipos tampados em Outubro. Ao som de cânticos tradicionais
de Natal, evocados pelo Grupo de "Cantares das Janeiras"
da Associação Sócio-Cultural da Aldeia,
o Madeiro aquece e ilumina Castelo Novo.
Mas as actividades natalícias não se confinam,
apenas, aos habitantes locais. Nesta época, o turismo
"é bastante forte", diz Olga Nogueira, técnica
na zona. Segundo a mesma, "os visitantes gostam de participar
e contactar com a população pela tradição
existente apenas em aldeias pequenas como esta". Contudo,
é no reveillon que a aldeia acolhe mais turistas. Duas
casas de turismo rural com capacidade para 35 pessoas e algumas
casas recuperadas, dão alojamento aos que, mais rápido
fazem a marcação. "Desde Abril que está
tudo cheio", afirma a técnica.
Baile anima Fim de Ano
Para além do jantar
proporcionado pelas casas de hospedagem e pelos três restaurantes,
a Passagem do Século vai ser colorida por um Baile. Organizado
pela Associação Sócio-Cultural, pretende
"abranger os sócios e todos os que quiserem vir".
José Manuel Duarte, tesoureiro, afirma que "é
uma festa onde confraternizamos como uma família. Cada
um traz o seu farnel e depois todos repartem com todos".
Casa cheia é o cenário habitual nas instalações
ainda em construção. Para além dos sócios,
contam-se turistas e filhos da terra que cedo migraram ou emigraram
em busca de condições que a única empresa
da zona - Águas do Alardo - não conseguia dar.
Os sócios não pagam entrada, mas os restantes contribuemcom
"uma quantia simbólica para ajudar ao pagamento da
cantora". Contudo, há contrapartidas. Cada pagante
tem direito a cinco rifas para o siorteio de um cabaz de Natal.
José Manuel Duarte afirma que "esta é a melhor
forma de lembar a época e dar vida e alegria às
gentes desta terra que não têm mais nada perto".
A Aldeia de Castelo Novo não oferece apenas o calor do
Madeiro e o sabor dos pestiscos natalícios a quem a visita.
Paisagens, monumentos e cultura histórica são prendas
que os turistas podem levar da Aldeia Histórica fundanense.
O Castelo, a Casa da Câmara,o Chafariz das Três Bicas
e o Pelourinho são algumas riquezas que se podem vislumbrar
e as quais integram os roteiros do Posto de Turismo. Ainda sem
telefone, "há mais de três anos", esta
casa ajuda quem se dirige pessoalmente ao local, através
de visitas guiadas e de panfletos informativos que indicam o
percurso adequado. É, ainda, competência do Posto
ajudar os habitantes a manter as tradições. "Sensibilizamo-los
para a importância de manter as casas bonitas e tardicionais
como antes", declara Bárbara Monteiro. Através
de um processo gradual, a mesma explica que esta aprendizagem
esta a ser atendida. "As pessoas já vão percebendo
que os visitantes gostam de apreciar o antigo e agora quantos
mais turistas vêm, mais vaidosas elas ficam". |