CONTAR AS PRENDAS

por Anabela Gradim Alves*

          
O Urbi @ Orbi cumpre hoje o seu primeiro ano de vida. Doze meses de publicação semanal ininterrupta é obra, e tempo suficiente para olhar para trás e avaliar o caminho entretanto percorrido. Do imenso trabalho invisível que está por trás de cada número de qualquer jornal nem é preciso falar. Hoje, disso, todos quantos directa ou indirectamente colaboram com o Urbi, mas em especial os alunos e os que desempenham tarefas "executivas", como a chefia de redacção, sabem já o suficiente, e por certo infinitamente mais do que antes do projecto se iniciar.
Só que além de experiência-oficina-laboratório, o Urbi @ Orbi é hoje muito mais: também já é um produto, e com especiais responsabilidades, pois identifica o curso de Ciências da Comunicação da UBI. É desse produto, dessa entidade que conta com um ano de vida, que em dia de aniversário se deve falar .
Tal como sucede com as pessoas, é ao longo do tempo, no deslizar dos anos e dos dias, que os jornais desenvolvem a sua personalidade e carácter, e assim sucede até que obtenham uma identidade própria, algo que os distinga das demais publicações congéneres e que permita imediatamente identificá-los. Os melhores, serão empreendimentos colectivos, onde todos são necessários, mas ninguém insubstituível. No Urbi este aspecto é particularmente relevante, e tem estado omnipresente desde os primeiros números, pois a alta rotatividade da sua redacção - composta por alunos que todos os anos se licenciam - assim o exige. Depois há as razões que se prendem com a sua concepção e nascimento, e que no caso vertente se podem resumir a três aspectos: constituir um laboratório-oficina para os alunos do curso de Comunicação; um espaço para os elementos da comunidade académica, e não só, darem expressão e alimentarem o debate público de ideias; e um órgão que torne acessíveis notícias sobre a vida da universidade e, secundariamente, da região.
Ora ao longo deste ano muita tinta correu debaixo da ponte, muitos bits entraram e saíram do servidor, e o Urbi, sem sustos nem embaraços, está de saúde e recomenda-se. Parece-me de elementar justiça reconhecer que tem vindo a cumprir os papéis que sucessivamente lhe confiaram, sem esquecer que sendo um ano ainda pouco tempo, e o infante jovem e frágil, é preciso velar para que continue crescendo em sabedoria e graça. Tal significa, num jornal, mais do que o espalhafato momentâneo, a tentação de "fazer muito barulho com as orelhas", manter um patamar constante de qualidade ao longo de todos os números, e princípios de exigência e rigor que só acidentalmente se perderão de vista.
Hoje que é dia de contar as prendas, o Urbi olha não para as que recebe, mas às que tem para dar. E amealhou muitas: informar eficiente e fidedignamente dentro e fora da academia; ser uma oficina-escola desse artesanato que são as notícias; substituir com sucesso e sem grandes sobressaltos a grande maioria da equipa que lhe deu origem; renovar-se graficamente; e esboçar uma identidade que, tenra ainda, verdadeiramente o identifica. Essa identidade é tão real que pode mudar, perverter-se, desvirtuar-se, desaparecer, melhorar ou ser destruída, mas já não pode ser apagada. Se o Urbi se vier a transformar noutra coisa, será porque "mudou", e essa é certamente a maior conquista do seu primeiro ano. Outra que lhe está ligada, e não menos importante, é que uma visita à página do seu estatuto editorial sobejamente demonstra que não ficou aquém dos seus objectivos.
E este é o perfil do aniversariante em geral. Há jornais maiores, melhores, mais ricos, que pagam bem a quem neles escreve, ou retribuem duplicando-lhes o prestígio. Há certamente jornais mais eficientes, brilhantes, completos ou aguerridos. Mas o Urbi como jornal escolar, figura muito bem entre os seus pares, e não envergonha os alunos que o produzem e a quem o jornal pertence. Agora cumpre-lhe crescer, e multiplicar-se, para o que precisa de todos os ubianos, e de todos quantos pertencem à comunidade que serve. Para continuar a fazê-lo bem.

* Docente de Ciências da Comunicação na UBI e Directora-Adjunta do Urbi et Orbi

Clique aqui para regressar à primeira página