O PODER DAS NOTÍCIAS

por Paulo Serra*

          
Como observou um dia o filósofo Maurice Merleau-Ponty, "talvez não haja uma só notícia do quotidiano que não possa dar ensejo a pensamentos profundos". Para além da constatação óbvia do carácter relativo daquilo que constitui "informação relevante", o que a observação do filósofo francês significa é que podemos, numa pequena notícia do quotidiano, ler a condensação da organização (ou desorganização) de toda uma comunidade, do sentido (ou sem sentido) de toda uma existência, da justiça (ou injustiça) de toda uma política. A leitura da "notícia do quotidiano" é, assim, a leitura do mundo e, simultaneamente, do nosso lugar nele: esse mundo é o que deveria ser? E qual é, nesse mundo, a minha verdadeira tarefa? Ler é, aqui, questionar; questionar é abrir um conjunto de possíveis.
Nesta atenção à "notícia do quotidiano" que é o nosso - da UBI, da Região e do Mundo - e na possibilidade dos "pensamentos profundos" a que ela se presta reside, quanto a mim, uma das principais qualidades que o Urbi et Orbi tem manifestado ao longo deste seu primeiro ano de vida. Mas não só. A esta qualidade haverá que juntar, obviamente: o exercício do jornalismo por parte dos alunos do Curso de Ciências da Comunicação, que tem permitido levar a pensar que, se calhar, "a melhor teoria é a prática"; a materialização de um fórum de discussão pública no contexto da UBI e da Região que tem possibilitado a abordagem dos diversos problemas que nos afectam; a ligação entre o Urbi et Orbi e os jornais da Região, que tem levado a uma conjugação de sinergias que só beneficia um e outros; por último, e em resultado dos aspectos anteriores, a conquista de um novo espaço de visibilidade (e de influência) por parte da UBI no contexto regional e mesmo nacional.

* Docente de Ciências da Comunicação na UBI

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