| <Ars Antiqua apresentou-se ao público
        covilhanense> A antiqua forma de propor arte
        (musical)
 Gostaria de partilhar com todos os leitores o raciocínio
        que surgiu da leitura de um título do Urbi et Orbi: "Ars
        Antiqua apresentou-se à Covilhã". Qual foi
        logo o meu pensamento? Um grupo de música coral, de Lisboa
        ou do estrangeiro, que executa música de compositores
        como Léonin e Pérotin (séculos XII/XIII),
        desloca-se ao interior para nos oferecer um concerto interessante
        e novo na região. Foi grande o meu espanto ao verificar
        que músicos da Covilhã propunham um concerto instrumental
        nada a condizer com a Ars Antiqua, nome dado à música
        de cinco séculos antes da que eles iriam apresentar na
        Biblioteca Municipal da Covilhã.
 Mais uma vez fiquei triste, não só por me lembrar
        que na região, a maioria do público que ainda vai
        indo a "concertos com violinos e assim" é atraída
        por títulos e sonoridades agradavelmente pomposos e simples,
        mas principalmente por verificar que instrumentistas, auto-intitulados
        especialistas de uma determinada época musical, dão
        ao seu grupo um nome nada a condizer com a música que
        tocam.
 Pergunto às pessoas, que durante o concerto encheram a
        sala e ante-sala, se terão ido verificar se músicos
        que não parecem dar muita importância a livros de
        história da música e nunca - suponho - terão
        ouvido um CD gravado no século XVII conseguiriam realizar
        a proeza de imitar o estilo musical dos períodos barroco
        e início do clássico...
 
 Hélder Gonçalves
 (prof. de História da Música e de Análise
        e Técnicas de Composição)
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